Posso ajudar?
Posso ajudar?

Site da Defensoria Pública do Estado do Ceará

conteúdo

Casal adota três irmãos que viviam em unidade de acolhimento no Cariri

Publicado em

imagem adocao 3 criancas  2

Inserir no perfil do Cadastro Nacional de Adoção a possibilidade de adotar grupo de irmãos mudou a vida de um casal de Juazeiro do Norte, na Região do Cariri. Depois de concluírem todo o processo e serem considerados habilitados, eles aumentaram a família e ao invés de um, ganharam três filhos de uma só vez.

O casal, juntos há seis anos, sempre pensou na possibilidade de adotar crianças, e o sonho de aumentar a família foi ficando mais forte. “Eu tentei ficar grávida, mas não deu certo. Sempre conversamos muito sobre a adoção, porque era uma vontade nossa e queríamos ter uma família grande. Aí nos perguntávamos: pra que gerar crianças se já existiam outras que estavam em busca de uma família? Talvez meus filhos já estivessem aí pelo mundo esperando só o nosso reencontro”, relembra a mãe de 44 anos, que pediu pela preservação da identidade da família.

O perfil preenchido pelo casal aceitava adotar até dois irmãos de uma só vez, mas unidade de acolhimento da cidade na cidade de Juazeiro do Norte trouxe uma nova informação à vida do casal: naquele momento, o grupo de irmãos disponíveis para adoção era composto por três crianças. Eles nem titubearam e toparam o desafio. Procuraram a Defensoria Pública em Juazeiro e começaram o processo para a adoção definitiva.

As crianças, um menino e duas meninas, são irmãs e têm entre 3 e 7 anos. Estavam a pouco mais de dois anos na unidade de acolhimento da cidade. “Antes das crianças ficaram aptas para a adoção, elas passam por um processo de destituição do poder familiar. As instituições que atuam na rede de proteção da infância, primeiramente, lutam para que os laços com a família biológica sejam reestruturados, mas não foi o que aconteceu. Foi um processo longo de destituição do poder familiar e, neste período, as crianças ficaram mais de dois anos no abrigo. Geralmente, o que vemos em situações de crianças a partir de seis anos ou de grupos de irmãos, como foi o caso, é que elas acabam crescendo e na unidade de acolhimento até a adolescência, porque não é todo mundo que aceita adotar grupo de irmãos. Foi muito bom fazer parte deste processo e ver que hoje estão todos felizes e adaptados”, ressalta a defensora pública Aline Marinho, responsável pela orientação e assistência jurídica da família.

Para concretizar o sonho de adotar, é necessário passar pela aproximação entre os interessados e os meninos. E, ao se dar a oportunidade de tentar, o casal entendeu o que se chama de amor à primeira vista. As visitas passaram a acontecer diariamente, em seguida foi dada autorização para que as crianças pudessem conviver com eles durante os finais de semana. Depois de um mês deste contato, o casal foi até a Defensoria Pública dar entrada no pedido de guarda.

Em dois meses a vida do casal no Cariri virou de ponta cabeça. “Claro que não está sendo fácil. Éramos só nós dois e, de repente, a casa está cheia de crianças. Eu estou de licença do meu trabalho, focada 24 horas em estabelecer uma logística e dar atenção para eles. Nossa vida mudou completamente, tudo é novidade, mas estamos realizados. De repente nasce um instinto de proteção, de cuidado e um amor inexplicável. O segredo é você se colocar no lugar da criança e imaginar como gostaria de estar sendo tratada”.

A retribuição a essa dedicação vem espontaneamente. “Apesar de tudo que eles passaram, são crianças amorosas, carinhosas e nos reconhecem como seus pais. São um presente em nossas vidas”, reforça a mãe emocionada.

Adoção de grupo de irmãos – O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegura prioridade no cadastro a pessoas interessadas em adotar grupos de irmãos. A legislação determina ainda que os irmãos sejam, preferencialmente, adotados pela mesma família. Conforme o artigo 28, “os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais”.

Adoção tardia – Em todo o Ceará, existem 267 crianças e adolescentes cadastrados no CNA e 733 pretendentes habilitados à adoção. A defensora lembra que a problemática que envolve a adoção tardia de crianças e jovens acaba por preterir grupo de irmãos – que a legislação resguarda o direito de permanecerem juntos, os adolescentes e também os que possuem deficiência. “São características que vão na contramão do perfil idealizado pela maioria dos casais”, lamenta Aline Marinho.

Em Juazeiro do Norte, 16 crianças e adolescentes estão na unidade de acolhimento. Desse total, cinco delas estão aptas a ter um novo lar. Dois deles são adolescentes e aguardam pretendentes e outras três crianças já estão na fase de aproximação com os pretendentes. Atualmente, 32 pessoas estão inseridas no Cadastro Nacional de Adoção na cidade.