Crianças e adolescentes de abrigos participam de festival de música no Museu da Fotografia
“Gosto muito de música, mas quando eu crescer quero ser juiz de Direito”. Quando José*, de 11 anos, terminou de falar ganhou um abraço dos outros três irmãos. Todos passaram a viver nas unidades de acolhimento depois que chegaram ao Conselho Tutelar denúncias de negligência de seus pais. A irmã mais velha, de 17 anos, segurava no colo o filho de pouco mais de um ano de idade, e também mora no abrigo. A esperança dela é que todos morem juntos novamente. “Nossa irmã mais velha já saiu do abrigo e conseguiu um emprego. Ela agora vai pedir ao juiz para ficar com a gente. Vamos morar juntos, reconstruir. Eu sei que vai dar tudo certo”, sonha.
O encontro dos irmãos aconteceu na tarde desta quarta-feira (14), quando o Núcleo de Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude (Nadij) da Defensoria Pública do Estado do Ceará, em parceria com Festival Alberto Nepomuceno (FAN), proporcionou para cerca de 60 crianças e adolescentes das unidades de acolhimentos de Fortaleza uma tarde especial.
Fazendo parte da programação da 7a edição do Festival Alberto Nepomuceno (FAN), os jovens assistiram a um concerto do grupo Luthieria Catavento, da ONG Tapera das Artes, de Aquiraz, e tiveram a oportunidade de conhecer de perto e de tocar os instrumentos musicais elaborados a partir de materiais reciclados ou colhidos da flora cearense. Ao final, fizeram uma visita guiada pelo Museu da Fotografia de Fortaleza.
De acordo com a defensora pública do Nadij, Ana Cristina Barreto, responsável pela assistência jurídica de parte das crianças e dos adolescentes acolhidos, estas atividades lúdicas permitem uma socialização entre elas e a possibilidade de uma experiência social extramuro. “Você percebe nas atitudes e nos rostos deles que eles estão se divertindo, interagindo. Nós temos o projeto Defensoria Amiga dos Abrigos que sempre promove momentos como este, de convívio social, e, claro, com muita diversão”, avalia.
O Defensoria Amiga dos Abrigo foi lançado em 2016 e é voltado para promover momentos lúdicos para as crianças e os jovens acolhidos nas instituições, promovendo sua socialização em atividades que contam com apoio de empresas e instituições públicas, além disso é papel do projeto desenvolver ações de apoio e campanhas para os abrigos.
Durante a apresentação do concerto, as crianças se conectaram ao som envolvente dos instrumentos e, de olhos atentos, eram embaladas pela sinfonia. Uma experiência única na vida de crianças e adolescentes, como destaca o pequeno Robson*, de nove anos: “o que eu mais gostei foi tocar com o pessoal. Eu nunca tinha tocado um instrumento antes”, disse alegre.
