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Crianças ganham tablets no primeiro concurso de redação promovido pelo Nadij

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IMG_4503Olhos brilhando, sorrisos no rosto e os burburinhos: “Olha, que livro massa”, “eu quero ler esse”, “quantos livros”… Foi assim que os adolescentes do abrigo Nova Vida, em Fortaleza, reagiram quando começaram a receber, na manhã desta sexta-feira, dia 23, os livros arrecadados na campanha “Os livros mudam as pessoas” do projeto Defensoria Amiga dos Abrigos.

O Núcleo de Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude (Nadij) lançou, em outubro de 2017, um concurso de redação “Uma viagem dentro do livro” que teve a participação de 46 crianças e adolescentes dos 12 abrigos de Fortaleza. Na manhã desta sexta-feira, foi realizada a entrega dos prêmios e um café da manhã no abrigo ganhador. Estiveram presentes os defensores públicos do Nadij, Adriano Leitinho Campos, Ana Cristina Barreto e Hélio Vasconcelos e a defensora Emília Nobre Gentil, representando a Associação dos Defensores Públicos do Estado do Ceará (Adpec).

A vencedora do concurso tem 17 anos e vive no abrigo Nova Vida. Luana* diz como os livros estão sendo especiais pra ela. “Na minha redação eu procurei falar sobre os jovens que estão ligando mais para internet e não estão ligando para os livros, e no livro a gente tem aprendizado, só coisas boas. Quando eu soube que tinha ganhado o concurso eu fiquei louca, pela primeira vez na vida isso aconteceu comigo. Nunca tinha tido uma oportunidade dessas. Faz cinco anos que eu tinha parado de estudar, eu voltei a estudar agora, aqui no abrigo”, conta a adolescente que aproveitou a oportunidade para agradecer todo o carinho que recebe no abrigo, relatando sua história como exemplo. “Comecei a usar drogas com sete anos, passei oito anos da minha vida quase no meio da rua, apanhando e comendo coisas do lixo, fui abusada e usava roupas masculinas, sentia muito medo. Mas eu me cansei daquela vida, quero ser feliz, uma adolescente normal, sem medo. Pedi ajuda no CREAS, no Conselho Tutelar e na promotoria da minha cidade e cheguei até aqui”. Com o prêmio na mão, Luana animada tirava foto com as colegas e relatava que este era o primeiro passo rumo a sua nova vida “muito mais feliz”.

“A Defensoria arrecadou aproximadamente 1.200 livros infanto-juvenis e, como foi acordado, os livros estão sendo doados para o abrigo vencedor do concurso de redação, distribuídos por faixa etária. Lidamos diariamente com a situação delicada do abrigamento provisório de crianças e os jovens, por isso nos propusemos a trazer este universo mais lúdico que está impresso nas páginas dos livros. Através dos livros queremos proporcionar um pouco mais de diversão enquanto permanecem dentro dessas unidades”, informa o defensor público e supervisor do Nadij, Adriano Leitinho.

Otávio*, que tem 17 anos, vive no abrigo São Miguel Arcanjo, e conta que soube do concurso de última hora e se esforçou ao máximo para não perder a oportunidade de participar. “O assistente social falou do concurso e disse que eu tinha que entregar no outro dia, aí eu fiquei até altas horas da noite escrevendo, como eu estava estudando pro Enem, eu aproveitei meus conhecimentos e escrevi a redação”, relata o menino que ficou em terceiro lugar que falou sobre  a capacidade de imaginar e o prazer de ler.

Já Joaquim* ,de 15 anos, do abrigo Renascer, viaja no mundo dos livros desde cedo. Ele conta onde buscou inspiração para escrever o texto que tirou o segundo lugar no concurso. “A coordenadora do abrigo me falou do concurso, foi um pouco difícil escrever, eu pensava e não vinha nada na cabeça, aí veio uma frase de uma música que eu gosto que era assim ‘a leitura é o nosso avião, rumo a imaginação, um bom livro faz a gente viver, IMG_4526aventuras e ação’, a partir daí eu fui escrevendo e foi vindo a inspiração. Eu gosto muito de ler, principalmente livros de aventuras e fantasia. Quando eu recebi a notícia que tinha tirado o segundo lugar eu fiquei muito feliz, nem acreditei, de tanta gente que participou, logo a minha foi escolhida”, conta o adolescente entusiasmado.

“Foi o nosso primeiro concurso de redação pelo Nadij e nós, defensores, ficamos empolgados lendo as redações. A gente se emocionou, alguns fizeram a gente chorar, outros fizeram a gente rir, foi uma experiência interessante, pois sentimos que a gente entrou no interior dessas crianças e adolescentes. Trabalhamos diariamente nesta temática, mas nem sempre não a gente consegue conhecer por completo as realidades e estes textos refletiram também um pouco”, explica o defensor Adriano Leitinho, que já está iniciando a programação do ano do projeto Defensoria Amiga dos Abrigos – que visa fazer uma ponte entre as instituições de abrigamento provisório, os direitos das crianças e jovens e as políticas públicas.