Posso ajudar?
Posso ajudar?

Site da Defensoria Pública do Estado do Ceará

conteúdo

Defensoria Pública acompanha família do adolescente Mizael, morto durante abordagem policial em Chorozinho (CE)

Defensoria Pública acompanha família do adolescente Mizael, morto durante abordagem policial em Chorozinho (CE)

Publicado em

A Defensoria Pública do Estado do Ceará está dando assistência psicossocial e jurídica à família do menino Mizael Fernandes, 13 anos, morto em casa na madrugada do dia 1 de julho, durante uma operação policial, em Chorozinho, a 72 km de Fortaleza. A defensora pública do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas, Mariana Lobo, e a equipe do projeto Rede Acolhe, são os responsáveis pelo acompanhamento.

Nesta segunda-feira (6), a Defensoria acompanhou os depoimentos de familiares e testemunhas na Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) e articulou as pendências no registro civil de Mizael junto à Controladoria de Medicina Legal (Comel). “Trata-se de um caso bastante grave e estamos articulando toda rede de assistência integral às vítimas de violência do Estado para que todos os familiares estejam em segurança, que haja celeridade no curso da investigação e, consequentemente, a responsabilização dos autores”, destacou a defensora pública Mariana Lobo.

O inquérito foi transferido da Delegacia de Chorozinho para a Delegacia de Assuntos Internos, que acompanha crimes em que há suspeita de envolvimento de agentes de segurança. “O próximo passo é acompanhar o inquérito para que a investigação seja célere e que se tenha logo uma confirmação da autoria, dar toda a assistência psicossocial à família, além de realizar toda a assistência jurídica que os parentes venham a precisar. No mês em que o Estatuto da Criança e do Adolescente completa 30 anos, estamos diante de uma tragédia com um jovem inserido nesse grupo prioritário, resguardado pela legislação com proteção integral e defesa constitucional contra toda e qualquer forma de negligência. Mais do que isso, o Mizael era o amor da vida de alguém, tinha pais, primos, irmãos e amigos. Por isso, a Defensoria vai trabalhar para que seja dada uma resposta a essa família”, complementou a defensora.

O sociólogo da Rede Acolhe, Thiago de Holanda, relata que cada vez mais denúncias de excesso de força policial chegam à Defensoria Pública. “Acompanhamos os números das estatísticas disponibilizadas pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social e vimos que, de janeiro a maio deste ano, 78 pessoas já morreram em intervenções policiais no Ceará. Esse número alto não é só de 2020; ele se intensifica muito nos últimos anos com a justificativa do discurso de combate às facções criminosas. Chegam denúncias à Defensoria Pública sobre abordagens violentas, invasões de casas sem mandados judiciais, por exemplo, e, por fim, as mortes. Ou seja: uma resposta ainda mais violenta do Estado a essa questão, uma vez que as áreas mais pobres, as periferias, sempre tiveram uma relação muito mais de controle por parte da ação policial do que mesmo de segurança para a população. Isso reforça mais ainda nesse atual contexto essa violência que a gente tem visto crescer e que precisa de fato de uma ação muito estratégica do Estado e da sociedade civil para que ela não tome uma proporção ainda mais drástica”, destaca Thiago.

 

Sobre a Rede Acolhe
A Rede Acolhe integra uma rede intersetorial que busca diminuir a revitimização e os danos causados pela violência, reduzindo os potenciais de ocorrências de novos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI’s). As famílias estão inseridas em contextos territoriais diferentes então a individualidade precisa ser acolhida. Geralmente são as mulheres (mães, irmãs, avós, esposas, companheiras, tias e sogras) que mais buscam por este serviço da Defensoria Pública, criado em 2017 para atender às vítimas da violência em Fortaleza. Este recorte de gênero prevaleceu nos 89,08% dos casos atendidos entre junho de 2017 a junho de 2019 pelo programa.

Serviço
Para acessar o serviço, basta entrar em contato pelo telefone (85) 9 8895.5723 e e-mail redeacolhe@defensoria.ce.def.br