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Defensoria Pública constata situação precária no Hospital Regional do Iguatu

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A Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará, por meio do Grupo de Trabalho (GT) da Saúde, realizou nesta quinta-feira (24 de novembro) a inspeção das unidades hospitalares da rede pública. A comitiva, composta por cinco defensores públicos, averiguou a situação do Hospital Regional de Iguatu, localizado na região Centro-Sul do Estado.

Durante a vistoria, os defensores públicos receberam a informação de que, em recente inspeção da Vigilância Sanitária, a unidade não foi aprovada nos quesitos de esterilização, deixando uma enorme lacuna para infecções hospitalares graves. Além disso, os defensores constataram que o Hospital está precarizado ao extremo: os centros cirúrgicos têm equipamentos avariados, sem manutenção, possuem infiltrações no teto, portas quebradas e a presença de cupim e outros insetos. Na data da inspeção, não havia no Hospital material de limpeza como sabão, água sanitária, álcool em gel e nem papel para assepsia das mãos e das roupas.

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De acordo com a defensora pública Beatriz Fonteles Gomes Pinheiro, integrante do GT, a situação é extremamente preocupante. “O acesso de pessoas as enfermarias não tem nenhum controle de fluxo de entrada e saída, não há qualquer ventilação no local, os leitos estão enferrujados, há colchões rasgados e sem roupa de cama. São os próprios pacientes que providenciam as roupas de cama e alguns levam seu próprio ventilador. O ambiente é muito propício as infecções e contaminações”, alertou.

Durante a vistoria, médicos plantonistas e funcionários do Hospital foram entrevistados e relataram sobre as condições de trabalho. Segundo os relatos, há diversos funcionários sem gozar férias, sem receber 13º salário e com excesso de jornada. Além disso, são obrigados a trabalharem com a frequente falta de insumos e medicações simples, como analgésicos, anti-inflamatórios e anestésicos em geral. “Os profissionais de saúde nos informaram que muitas vezes têm que direcionar pacientes para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou para entidades particulares por falta de medicados no Hospital”, complementou Beatriz.

iguatu2Outro problema detectado foi com relação ao serviço de traumatologia. De acordo com os defensores não há qualquer serviço de imagem em funcionamento, o aparelho de raio-x está desativado por falta de materiais para revelação e os equipamentos de tomografia e mamografia estão quebrados acerca de dois anos.

Esta não é a primeira vez que a Defensoria Pública constatou a situação precária do Hospital Regional de Iguatu. Em agosto, após denúncias de falta de recursos para atendimento da população, a Defensora Pública realizou uma inspeção na unidade que já apresentava problemas. “O cenário que encontramos ontem não foi muito diferente da que vimos no começo do semestre. Nada mudou. Na época, constatou-se que os leitos de terapia semi-intensiva funcionavam de maneira bastante precária, com falta de medicamentos e de profissionais especialistas, o que conduziu a óbito vários pacientes. Ademais, o setor de traumatologia do Hospital estava congestionado com um só médico realizando cirurgias duas vezes nas semanas e pacientes que chegam a esperar seis meses por atendimento. De todas as unidades hospitalares que já visitamos esta é, sem dúvida, a de situação mais precária”, relatou a defensora pública Lara Teles, que realizou a primeira inspeção na unidade em agosto de 2016, após denuncias de assistidos na comarca de Iguatu.

Esta atividade faz parte do Grupo de Trabalho da Saúde da Defensoria Pública do Ceará, criado em junho deste ano, que atua em força tarefa dos defensores preocupados com a crescente demanda nesta área, tanto na capital, como no interior. Dia 10 de novembro, o GT realizou a primeira visita no Hospital Geral de Fortaleza onde a comitiva verificou 97 pacientes sendo atendidos nos corredores. No último dia 18 de novembro, os defensores visitaram o Hospital Geral César Cals, também em Fortaleza, e diagnosticaram obras inacabadas que poderiam estar beneficiando em qualidade de atendimento centena de pacientes.

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“Nossa ida ao interior é também para buscar entender porque Hospitais Regionais, que foram criados para dar mais comodidade e descentralizarem o atendimento da saúde no Estado, não estão atendendo a contento as pessoas e o que tem de fato causado este retorno na migração de pacientes do interior para a Capital”, destacou a defensora pública e supervisora do Núcleo de Defesa da Saúde da Defensoria Pública do Estado do Ceará, Silvana Matos Feitoza.

O aumento na Defensoria Pública das denúncias de pacientes por todo o Estado que não conseguem acessar seus direitos mais básico de acesso à saúde tem gerado a necessidade de defensores conhecerem de perto a realidade das unidade de saúde e provocar atividades judiciais e extrajudiciais com o Estado e municípios. Todas as informações colhidas constarão em um relatório feito pelo GT e apresentado em uma audiência pública sobre a temática prevista para acontecer ao final das inspeções.