Defensoria Pública visita comunidades próximas ao VLT
A Defensoria Pública do Estado do Ceará realizou na manhã desta segunda-feira (28.05) uma caminhada pelas comunidades impactadas pela construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A visita foi realizada pelos defensores públicos do Núcleo de Habitação e Moradia (Nuham), Lino Fonteles e Eliton Menezes, representantes dos escritórios de Direitos Humanos Frei Tito e Dom Aloísio Lorscheider, bem como dos representantes da Secretaria de Conservação da Prefeitura de Fortaleza. O percurso durou a manhã, entre as avenidas Abolição até a Padre Antônio Tomás, margeando os trilhos e conversando com a população. Nesta terça-feira, dia 29, uma nova caminhada fará o restante do percurso.
Maria Rosineide Rosado Costa Santos, a famosa Neide do Camarão, terá parte de seu restaurante e sua casa demolidos por causa da construção dos trilhos do VLT. “Há uns 5 ou 6 anos atrás eles vieram comunicar que iam construir o VLT e iam precisar de uma parte da minha casa. Eu não me opus e nem disse que sim, contanto que me indenizassem, mas o problema está muito sério. Se fecharem agora, como que eu vou viver? A renda que sustenta toda minha família vem do restaurante e todos moram na minha casa. Quanto tempo vou ficar com o restaurante fechado e sem ter como tirar o meu sustento?”, questiona a moradora famosa pelo feitio de frutos do mar, que possui uma casa há 12 anos próximo ao Mercado dos Peixes.
A incerteza preocupa ainda os moradores que residem nos arredores da construção, pois o acúmulo de entulhos e resíduos acaba colocando em risco a saúde dos moradores. Maria de Fátima Soares Silva, mora na comunidade Jangadeiro há 48 anos e relata que está impossível habitar no local. “Eles tiram as pessoas de dentro das casas e não as derrubam, aí fica tudo abandonado. Os moradores de rua aproveitam, ocupam, fazem suas necessidades dentro das casas, aí fica um mau cheiro insuportável, além de perigoso. Para quem ainda mora aqui ficou os entulhos e os ratos. Estamos vivendo num lixão”, protesta.
O Nuham vem dialogando com o poder público e com as comunidades e, após denúncias sobre a violação de direitos, veio a campo apurar as responsabilidades, oficiando as instituições responsáveis para se fazerem presentes e averiguar o que estava acontecendo. “Constatamos que, realmente existe bastante lixo, entulhos, mato e outras questões que envolvem saúde pública, também percebemos que não há informação suficiente para as famílias que moram perto se vão ficar ou se serão removidas. Vamos continuar a visita e, após concluirmos todo o trajeto, faremos um relatório e, se preciso, chamaremos uma audiência pública”, explica o defensor público e supervisor do Nuham, Lino Fonteles.