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Jovens do acolhimento institucional iniciam capacitação para mercado de trabalho

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Em 2016, a adolescente M.S., 15 anos, veio para Fortaleza e viu um ciclo familiar violento encerrar-se. Com pais separados e sem ter onde morar, a jovem foi encaminhada para uma casa de acolhimento na capital. “Aqui conheci novas pessoas, aprendi a ter uma rotina e a me organizar. É uma segunda família para mim”. Com o tempo, passou a conciliar os estudos com o trabalho, graças a uma oportunidade como jovem aprendiz em uma empresa privada. “Já consigo ganhar algum dinheiro e me planejar”, conta M.S., que é mãe de uma criança de dois anos de idade, também acolhida no mesmo local.

A adolescente estava entre os 40 jovens entre 14 e 17 anos que participaram da capacitação promovida nesta sexta-feira (21) pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em parceria com o Núcleo de Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude (Nadij). Foram repassadas as informações sobre a Lei da Aprendizagem, elaboração de currículo e dicas de apresentação pessoal durante entrevistas de emprego. Os participantes também puderam tirar dúvidas sobre o ambiente profissional. A formação ocorreu no auditório Jesus Xavier de Brito, na sede da Defensoria Pública do Estado do Ceará.

R.F.J., 17 anos, está há um ano como jovem aprendiz em um banco. Ele diz que aprendeu a vencer a timidez e, depois da capacitação, já enxerga novos sonhos pela frente. “Trabalho diretamente com o público, então vi que precisamos lidar com várias situações. Hoje tive contato com novos conhecimentos profissionais, vai me ajudar futuramente. Eu quero um dia ter minha própria casa e realizar dois sonhos: ser advogado para ajudar as pessoas e fazer um curso na área de estética, algo que gosto bastante”, conta.

No final da capacitação, todos os jovens preencheram um cadastro que vai integrar o banco de dados do CIEE. A partir disso, eles já poderão ser encaminhados para vagas de trabalho. Também estão programadas oficinas no mês de outubro, que vai dar orientações práticas para quem está em busca da primeira oportunidade profissional. “Nosso objetivo é dar autonomia a esses jovens através do trabalho. Eles vêm de uma situação de vulnerabilidade social e não têm perspectivas de moradia ou adoção. Essa parceria vai apontar novos horizontes”, explica a defensora pública  e titular do Nadij, Ana Cristina Barreto.

IMG_4364O supervisor do Nadij, defensor público Adriano Leitinho, ressaltou o trabalho contínuo junto aos jovens acolhidos em abrigos. “A gente busca tornar a passagem de vocês pela unidade de acolhimento a melhor possível. É um lugar que acolhe, mas o melhor é que vocês saiam o mais rápido possível para a casa dos familiares ou a própria casa. Por isso é tão importante fornecer a vocês a autonomia de que precisam para andar com as próprias pernas já que, via de regra, aos dezoito anos vocês precisariam deixar os abrigos. Sabemos que isso causa angústia e estamos lutando para que vocês fiquem mais tempo em assistência”, informou o defensor.

A assistente social do CIEE, Bruna França, ministrou a capacitação. “Trabalhamos a empregabilidade, currículo e dinâmica de entrevista de emprego. Caso eles desejem, passarão por uma triagem para as próximas oficinas, onde treinarão a fala, a escrita e o trabalho em grupo, por exemplo”. Para Edval Mendonça, supervisor de operação do CIEE, a parceria com o Nadij é oportuna. “É importante porque traz a abertura com esse jovem. A transformação social acontece através de educação e trabalho. Aqui conseguimos trabalhar diretamente com eles e permitir novos objetivos para eles”.

ACP para a criação de repúblicas – Recentemente, a Justiça do Ceará determinou que a Prefeitura de Fortaleza crie, execute e mantenha repúblicas para os jovens que saem das unidades de acolhimento institucional, os chamados abrigos, após completarem 18 anos. A Ação Civil Pública foi interposta pelo Núcleo de Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude (Nadij) da Defensoria Pública do Estado do Ceará que tramitava na 12a Vara da Fazenda Pública e a juíza Nadia Maria Frota Pereira julgou procedente o pedido da Defensoria, em 31 de agosto. A ACP tramitava desde 2016.