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Mais de quatrocentas crianças de abrigos vivenciam mágica do circo

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As luzes sob a lona do circo dão destaque ao sorriso esperançoso de Larissa*, de oito anos. A ansiedade da garota em assistir o espetáculo se assemelha ao riso frouxo que antecede a piada do palhaço. É a expectativa da diversão. Larissa faz parte das 412 crianças e adolescentes de unidades de acolhimento que foram levadas pelo Núcleo da Infância e da Juventude da Defensoria Pública para assistir o espetáculo do Grande Circo Popular do Brasil (Marcos Frota), na noite desta terça-feira, 07. A ação integra o projeto “Defensoria Amiga dos Abrigos”, lançado em 2016, e que visa proporcionar oportunidades de socialização das crianças e jovens acolhidas nos abrigos da Capital.

IMG_2114A cortina de fumaça deu início à noite mágica. Entre malabares e cambalhotas, os olhos permaneceram vidrados nos bambolês da mulher que, de forma talentosa, samba no centro do picadeiro. “Olha o tanto de bambolê que ela tá girando, tia”, diz Lucas*, 6 anos, impressionado com a apresentação. Para Carolina, 11 anos, a parte mais emocionante das apresentações foi a dos trapezistas. “Eles tavam muito alto. Ainda bem que tinha a rede embaixo, né?”.

Para a defensora pública que atua no Nadij, Ana Cristina Barreto, o momento tem como objetivo integrar todas as crianças e adolescentes com a cultura e o lazer. “Proporcionar o acesso a arte e a cultura e permitir a vida social. É muito importante realizar esses momentos fora dos abrigos e o papel da Defensoria é justamente esse: não só viabilizar o acesso ao Poder Judiciário, mas propor uma visão do indivíduo como um todo. Ter acesso as atividades artísticas faz parte da formação humana e saudável ao crescimento de toda criança”, reconhece.

O poder do encantamento do circo causa surpresa. O pequeno Matheus, de 5 anos, se inclinava na cadeira com frio na barriga, quando a acrobata, pendurada somente pelo cabelo, simulava voar pelo espaço da tenda. Na apresentação, o cabelo da dançarina é preso a um gancho, ligado a um cabo de aço. Não há como ficar imóvel diante das apresentações circenses.

IMG_2104A possibilidade da ida foi viabilizada após parceria do Nadij com a produção do Circo, idealizado pelo ator e acrobata Marcos Frota. “O Marcos sempre valorizou essa questão do trabalho social e o trabalho que é desenvolvido pela Defensoria Pública do Ceará é importante. Estamos sempre de portas abertas para essa atuação que integra crianças e adolescentes de abrigos, para mostrar o que é a cultura, o que é o circo e a magia das apresentações”, diz um dos produtores do circo, John Macparland.

Para a coordenadora da Unidade de Acolhimento Renascer, Sandra Moura, a ida ao circo agrega no conhecimento dos jovens. “Na realidade, eles não têm muitas atividades externas e de lazer, momentos de descontração. Para eles é de grande importância, porque traz cultura. Nós trabalhamos com adolescentes meninos de 15 a 18 anos e reforçamos atividades que prezem pela autonomia, autoestima e independência deles”, aponta.

Já perto do fim do espetáculo, um grupo de amigas se cutucava ao começar a apresentação de tecido acrobático. “É muito alto, tia, como elas conseguem subir?”. A curiosidade também fez parte da apresentação dos números tradicionais como equilibrismo, mágica e claves. “Ele quase deixa cair”, surpreendeu-se Felipe, de 8 anos.

A oportunidade da ida ao circo não impactou somente as crianças mais novas, mas, também, os adolescentes. Durante o intervalo do espetáculo e momento do lanche, Felipe, de 16 anos, agradeceu à oportunidade. “É a primeira vez que venho ao circo e estou gostando muito. A minha parte favorita até agora foi a que os meninos do trampolim ficaram vestidos com a camisa do time do Fortaleza e do Ceará e a gente ficou torcendo”, relata.

Durante a visita ao circo, estiveram presentes 17 unidades de acolhimento de Fortaleza, dentre elas: Renascer, Recanto da Luz, Lar Santa Mônica, Casa Abrigo, Acolhimento Institucional III, O pequeno Nazareno, Unidade de Acolhimento II, Sol Nascente, Casa do Menor São Miguel Arcanjo, Acolhimento IV, Acolhimento I, Nossa Casa, Madre Paulina, Casa da Criança, Nova Vida, Casa Santa Gianna, Lar Batista.

*Os nomes foram alterados para preservar a identidade das crianças e adolescentes.