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Pesquisa da Defensoria aponta o perfil da mulher vítima de violência doméstica em Fortaleza

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saudeMulher

Diferente do que se imagina, não é preciso ser agredida fisicamente para estar em um relacionamento abusivo e violento. É o que o levantamento mais recente do Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem) da Defensoria Pública do Ceará apresenta: cerca de 97,2% de mulheres identificaram a violência psicológica como forma de expressão da violência mais recorrente. Essa pesquisa foi feita por amostragem com 478 mulheres que receberam assistência jurídica, psicológica e social da Defensoria, em Fortaleza, entre janeiro e outubro deste ano. Em três anos seguidos do levantamento, realizado em 2016, 2017 e 2018 pelo setor psicossocial da Defensoria Pública, a violência psicológica segue sendo a mais presente.

Por ser de difícil identificação, a violência psicológica, na maioria dos casos, é negligenciada até por quem sofre – por não conseguir perceber que ela vem mascarada pelo ciúmes, controle, humilhações, ironias e xingamentos. Muitas vezes, ela precede a violência física.

Outro dado que impressiona é o tempo em que essa mulher está submetida a uma situação de violência. Cerca de 37% das mulheres apontam estar pelo menos cinco anos nessas condições sem denunciar e 23% estão até dez anos vivenciando os abusos. A maioria delas (53,5%) aponta o medo como vetor para se manter em silêncio, além da dependência emocional (50,2%).

De acordo com o relatório de 2018, a mulher vítima de violência que chega ao Nudem tem entre 26 e 35 anos de idade (38,4%), possui Ensino Médio completo (34,3%), tem a renda mensal de até um salário mínimo (34,1%). A pesquisa traz ainda um recorte geográfico da violência contra mulheres em Fortaleza: a maioria vem da Regional V (31,3%), seguido das Regionais VI (16,1%), III (15,8%) e IV (14,8%).

O levantamento traz ainda o perfil do agressor. Em 44,5%, exatamente 213 casos, é identificado como o agressor o ex-companheiro. A estatística se mantém das pesquisas anteriores, em 2017, 46,84%, e em 2016, 42,16% eram ex-companheiros. As violências geralmente ocorrem nos espaços públicos e domésticos (55,02%) e são potencializadas pelo uso de álcool (46,65%). Em 81,59% dos casos, os filhos presenciam a violência. Os abusos acontecem, em sua maioria (82,22%) após o rompimento do relacionamento e em cenários em que agressor e vítima não residem no mesmo domicílio (83,47%).

Divulgação de direitos – Os dados fornecem ainda um indicativo da necessidade de ampliação do ensino sobre a Lei Maria da Penha, uma vez que 48,7% não tem conhecimento sobre a Lei e apenas 147 delas (30,7%) pretendem representar criminalmente o ato vivenciado. Diante de uma demanda maior, “é preciso continuar falando sobre o tema e estimulando as denúncias”, segundo a defensora pública e supervisora do Nudem, Jeritza Braga. “A Lei Maria da Penha trouxe muitos avanços e isso se deve a uma maior divulgação dos direitos, da atuação da Defensoria Pública e de todo o aparato de proteção”, explica.

Casa da Mulher Brasileira – Desde junho deste ano, os atendimentos da Defensoria Pública estão sendo realizados na Casa da Mulher Brasileira, antes, o Nudem vinha funcionando temporariamente no Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará. Somente este ano, foram registrados 4.516 atendimentos a mulheres em situação de violência. A inauguração oficial da Casa será na próxima sexta-feira, 14, às 16h.

A Casa é resultado de parceria entre Governo do Ceará, Governo Federal, Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Justiça e Prefeitura Municipal de Fortaleza, a Casa da Mulher Brasileira é a quinta unidade no Brasil e a segunda no Nordeste.

Casa da Mulher Brasileira
Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher da Defensoria
De segunda à sexta-feira
Das 8h às 17h
R. Tabuleiro do Norte s/n, Bairro Couto Fernandes.