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Povos de terreiro apresentam demandas na Defensoria

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A Defensoria Pública do Estado do Ceará, por meio do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas (NDHAC), realizou na tarde desta quinta-feira, 05, uma reunião de integração cerca de cinquenta representantes dos povos de terreiro do Ceará. O objetivo foi ouvir as demandas do grupo e discutir a liberdade e o direito à crença.

A realização do evento se fez necessária devido a crescente onda de ataques a terreiros de candomblé e umbanda, registrados no Rio de Janeiro no último mês. A defensora pública e supervisora do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas (NDHAC) da Defensoria Pública do Ceará, Sandrá Sá reiterou a importância da reunião, no contexto dos conflitos nacionais. “Num momento de afronta aos direitos fundamentais, vislumbramos a necessidade de defesa mais direcionada aos grupos tradicionais que sofrem com o desrespeito de crença e cultura. Os povos de terreiro têm sofrido uma série de atentados promovidos por intolerantes religiosos, pelo crime organizado e até mesmo pela sociedade em geral que ignora a condição laica de Estado Democrático e ofendem o direito daqueles que vivem as crenças de origem africana”, disse.

Durante a reunião, foi discutido acerca das perseguições religiosas, dos ataques aos terreiros e da proibição das práticas umbandistas e candomblecistas no Estado do Ceará. “No intuito de conhecer as demandas do grupo de forma direta, os recebemos para que pudéssemos ouvi-los e procurar a efetivação de suas demandas de forma mais qualificada, além de ter maiores condições e dados para cobrança de políticas públicas que os contemplem”, reforça a defensora pública.

O primeiro assunto da pauta, tratou sobre as diversas violências que os candoblecistas e umbandistas sofrem. “Isso que está acontecendo no Rio de Janeiro já acontece em várias cidades do Ceará e não podemos tolerar isso. Hoje, com esse evento, tornamos possível o diálogo para discutir, principalmente, sobre o descumprimento do Estado em relação ao não reconhecimento de nossas práticas, como alimentação, vestuário, costumes. precisamos deste reconhecimento para dar aparato necessário e coibir os ataques que estão acontecendo. Nós queremos que o Estado laico prevaleça e que nenhuma religião se coloque acima de qualquer outra”, defende o babalorixá Cleudo Júnior.

Para a mãe de Santo e conselheira do Coletivo Cultural Ibilé e Associação Alagba, Evelane Farias, “o momento é muito importante, porque pretende mostrar que o a gente faz precisa ser, acima de tudo, respeitado. As pessoas pensam que a gente faz o mal, que matamos uma galinha por matar, mas não, antes de nos alimentarmos nos fazemos uma oferenda, tem toda uma preparação, depois limpamos e comemos. Nosso intuito é mostrar que o que fazemos não é o que as pessoas pensam, não é maldade. Nosso foco hoje e exatamente desmitificar isso”, disparou.

Após os diálogos, ficou instaurando os seguintes pontos: a criação de um instrumento legal para que haja defesa desse grupo, sendo batizado do “Estatuto de Defesa do Povo de Terreiro”; a realização de uma audiência pública com o Poder Executivo e Municipal para tratar das demandas apresentadas, o inventário e censo da população candomblecista e umbandista e tratar de forma judicial os casos intolerância religiosa.