Defensoria promove momento de escuta e acolhimento às mulheres que integram a instituição

Defensoria promove momento de escuta e acolhimento às mulheres que integram a instituição

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Na Defensoria Pública do Estado a semana começou diferente. Música, interação e uma conversa importante sobre o tema “Mulheres exaustas: há quem escape?”, com a presença da psicóloga Maria Camila Moura, marcaram a tarde desta segunda-feira (11.03), no auditório da sede.

O encontro teve a articulação da Escola Superior da Defensoria (ESDP) e fez parte do calendário da campanha institucional “Mulher de Direitos”, que se dedica ao debate e educação em direitos durante todo o mês de março. A condução do momento contou com a participação da defensora geral Sâmia Farias e da assessora de projetos institucionais Camila Vieira.

“Precisamos reconhecer e valorizar o fato de que as mulheres assumem muitas responsabilidades, tanto em casa quanto no trabalho. É crucial garantir um ambiente de trabalho acolhedor, pois passamos a maior parte do nosso tempo aqui. Como gestão, entendo como é importante oferecer o suporte necessário a todas as colaboradoras”, frisou Sâmia Farias.

Durante a conversa, a psicóloga Maria Camila Moura explicou que a decisão pelo tema não foi à toa, “afinal, quem não falou recentemente sobre a sensação de cansaço?”. A pergunta feita pela profissional recebeu a resposta automática e unânime, demonstrando que, de fato, não tem como escapar do tal cansaço. ”Pois é! Eu desconheço! Já encontramos o nosso denominador comum”, brincou.

Camila Moura pincelou sobre a construção da mulher ao longo das transformações sociais. “Outras histórias, que foram apagadas, raspadas, deixaram suas marcas. Ao falar da identidade da mulher hoje, mulheres cansadas e exaustas em sua maioria, existem questões que são anteriores, culturais, sociais e históricas”.

Perpassando a história, Camila explica que caminhada social até a estrutura do neoliberalismo, chega o que ela mostra como a sociedade do desempenho, do cansaço, medicada e então do Burnout. Nesse cenário, comumente, as pessoas “recorrem ao uso de artifícios para poder se sustentar nessa sociedade”, afirma.

“A cobrança de desempenho sobre os papéis das mulheres traz a síndrome da mulher maravilha. Aquela que tem que dar conta de tudo – casa, trabalho, marido, ter filhos maravilhosos e ainda estar impecável. Não existe vida sustentável se você é um personagem fictício. A carga da mulher, inclusive sobre a pressão estética que vai desde a cor do cabelo até a unha do dedo mindinho do pé, é muito grande. Além da necessidade da hipervigilância. Tudo isso é uma realidade muito palpável. Mulheres estão muito cansadas. Estão exaustas”, frisou a psicóloga.

Outro ponto abordado foi sobre o papel de mães solos. “A gente pensa que a mãe solo é aquele estereótipo que o cara deixou, mas tem muitas mulheres casadas que são mãe solo. Vai perguntar sobre o calendário vacinal, o nome da professora, o número do pé do filho? O pai não sabe nada! Então, é mãe solo! As coisas tem que ser nomeadas”, contextualizou.

Ao final, foi aberto momento para a participação do público que aproveitou para tirar dúvidas e esmiuçar o tema abordado. A defensora Camila Vieira compartilhou sobre a necessidade de discernir quando o enaltecimento feminino pode ser uma ferramenta de manipulação. “Quero lançar uma reflexão sobre o enaltecimento do papel da mulher. Às vezes ouvimos dizer que ‘ela é rainha do lar’, mas ali é como uma armadilha. Uma forma de aprisionar aquela mulher. A mulher é colocada em um pedestal, mas com a finalidade de subjugar e  subalternizar”, pontuou.

Saúde e Qualidade de Vida

Diversas ações voltadas para o bem-estar e saúde de quem faz parte da DPCE são realizadas ao longo do ano por meio do Programa interno “Saúde e Qualidade de Vida”, coordenado pelo setor Psicossocial. Palestras temáticas, rodas de conversa, campanhas de imunização, aferição de pressão e glicemia, além da promoção de sessões de cinema são promovidas pelo projeto com foco no público interno.

Existe ainda uma parceria com Centro de Estudo em Psicologia (Cemp) que viabiliza que colaboradores(as), defensores(as) e parentes de primeiro grau tenha descontos em atendimentos com valores diferenciados na clínica nos atendimentos nas áreas de psicologia, psiquiatria, fonoaudiologia e nutrição, além da realização de exames em qualquer das duas unidades do CEMP.