“Não devem existir tabus para se falar sobre violência obstétrica. Esse é um assunto sério e que deixa sequelas por toda a vida”, afirma convidada no #NaPausa – Casos Reais
No início do mês de julho, o caso de um anestesista em uma maternidade no Rio de Janeiro chocou o país. Infelizmente, casos de violência obstétrica têm sido cada vez mais comuns no Brasil, e para debater este assunto de uma forma mais ampla, o #NaPausa – Casos Reais trouxe nesta terça-feira (09/8), em live no Instagram da Defensoria Pública Geral do Ceará (DPCE), um debate sobre o tema “ Violência Obstétrica: Saiba como identificar e pedir ajuda” .
O momento contou com a participação da defensora pública supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem) da Defensoria, Jeritza Braga, e da médica obstetra Débora Britto, que comentaram sobre a importância do debate para que cada vez mais mulheres saibam identificar quando estão sendo vítimas de violência em uma das fases mais importantes da vida.
“A violência obstétrica é caracterizada por uma série de ações que envolvem mulheres gestantes, que vão desde ignorar as dores da mulher, até proferir xingamentos e realizar intervenções forçadas e procedimentos invasivos sem autorização. Lembrando que isso nem sempre está restrito ao médico, mas também a toda equipe que acompanha o parto. Toda mulher que está passando pelo período da gestação, merece que essa fase seja regada pelas melhores condições, onde ela tenha toda a assistência necessária, isso desde o período do pré-natal, até o momento do nascimento do bebê,”comentou a médica Débora Britto.
Para a supervisora do Nudem, é importante que se crie uma rede de proteção para a mulher que é vítima desse tipo de violência, onde ela se sinta segura em fazer uma denuncia e encontre informações nas quais ela possa identificar se foi ou não uma vítima. “Muitas mulheres ainda têm muito medo de denunciar a violência obstétrica ou simplesmente não sabem que foram vítimas de tal ação. Isso acontece pelo fato desse assunto ainda não ser tema de grandes debates como esse que estamos tendo aqui hoje. Já ouvi casos de mulheres que foram vítimas da manobra de Kristeller, que é quando a barriga da mulher é empurrada para facilitar o nascimento do bebê, e que só foram se dar conta anos depois que isso é um tipo de violência. Então é muito importante que sejam criados meios que promovam uma educação sobre esse assunto, principalmente em hospitais e postos de saúde,” disse
As convidadas ainda aproveitaram a live e citaram meios que as mulheres podem aderir para se sentirem mais seguras durante o período de gestação, como o plano de parto. “O plano de parto hoje é uma das formas mais seguras que a mulher tem para passar por esse momento tão importante. Ali ela consegue deixar claro o que ela quer e o que ela não quer durante a gestação, e isso pode ser usado como prova caso haja algo fora do planejado. Hoje uma das maiores dificuldades da mulher é provar que foi vítima desse tipo de violência, e o plano de parto vem como um aliado”, disse a obstetra
A médica ainda completou dizendo que a violência obstétrica não deve ser vista como um tabu. “A violência obstétrica está relacionada não apenas ao trabalho de profissionais de saúde, mas também a falhas estruturais de clínicas, hospitais e do sistema de saúde como um todo. Por isso, não devem existir tabus para se falar sobre violência obstétrica, precisamos de mais meios onde possamos promover essa discussão que é tão pertinente nos dias de hoje,” completou Débora.
Jeritza ainda frisou durante a live, que a Defensoria está de portas abertas para acolher mulheres que foram vítimas de algum tipo de violência obstétrica. “ É muito importante que toda mulher procure por seus direitos se for vítima da violência durante a gestação. A denúncia é a forma mais potente que temos para diminuir esses números tão preocupantes. Procurem a Defensoria Pública do seu município ou liguem para o 180 (telefone que recebe denúncias de violência contra as mulheres). O Nudem está de portas abertas para receber essa demanda juntamente com a nossa equipe multidisciplinar de psicólogas e assistentes sociais”, frisou.
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