Posso ajudar?
Posso ajudar?

Site da Defensoria Pública do Estado do Ceará

conteúdo

Rede Cuca e Defensoria promovem debate para conscientização das jovens sobre a violência doméstica durante a pandemia

Rede Cuca e Defensoria promovem debate para conscientização das jovens sobre a violência doméstica durante a pandemia

Publicado em

O Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta segunda-feira, 08 de março, surge como oportunidade para mais debates acerca da igualdade de direitos, combate à violência doméstica e discussões sobre relações profissionais entre homens e mulheres sejam acentuados. Nesta perspectiva, a Rede Cuca promoveu na última sexta-feira, 05, uma importante discussão sobre violência doméstica em tempos de isolamento social com a defensora Jeritza Braga, supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar (Nudem) da Defensoria Pública do Ceará.

A temática do encontro virtual emerge da campanha “Mulheres de todas as cores”, trabalhada durante todo o mês de março pelas unidades da Rede Cuca, equipamentos da Prefeitura de Fortaleza, que tem atuado prioritariamente com a  juventude das comunidades. Inicialmente, a defensoria Jeritza Lopes, em seu diálogo com as assistentes sociais Paola Abreu e Priscila Gomes, comentou sobre o aumento da violência nos lares durante o período de pandemia, já que as medidas de isolamento social tornaram a convivência dos casais mais frequente. 

“O isolamento social stá vindo como um grande desafio para todos e ainda mais para quem trabalha com violência doméstica, porque isso acentua as dificuldades que as mulheres passam a ter de acessar a rede, de buscar ajuda, de fazer uma denúncia. Elas têm medo, muitas vezes elas não confiam nos órgãos públicos, têm medo de não dar em nada, elas têm medo de represália, Essa sempre foi uma dificuldade, mas com a pandemia este medo foi acentuado”, afirma a defensoria.

Jeritza pontua que tal situação se agravou devido a dificuldade que a vítima tem de conseguir acessar as ferramentas disponíveis para se comunicar com a Defensoria ou outros órgãos, em razão da proximidade do agressor. Ela cita uma pesquisa que constatou um aumento de 92% de denúncias de agressão no disque 180, mas em contrapartida registrou uma queda de 33% na solicitação de medidas protetivas pelo Tribunal de Justiça.“A violência tem aumentado, mas as denúncias não chegam às autoridades para retirar a vítima desse ciclo”, declara.

Jeritza se dirigiu aos jovens para frisar a importância de reconhecer seu parceiro como agressor, se for o caso. “O homem agressor não parece um vilão. Para a sociedade, ele se mostra como uma pessoa legal, um cara massa, um pai bom, ele trabalha. E estoura dentro de casa, normalmente, silenciando essa mulher. A mulher é a única que sabe o que está acontecendo, muitas vezes ela vive numa bolha, porque esse homem não deixa ela tenha amizades, impede ela de se relacionar com sua família. Ela fica isolada,  até mesmo de comentar essa situação com alguém”, declara.

Ao falar sobre o trabalho que a Defensoria presta no amparo às vítimas de violência doméstica, a defensora ressalta que o órgão promoveu divulgação de cinco números para atendimento, bem como reformulação no site para que as mulheres agredidas pudessem buscar ajuda a qualquer momento. “É fundamental que nós, como sociedade, consigamos entender que hoje em briga de marido e mulher se mete a colher sim. Então se você ver ou ouvir sinais de gritaria, quebradeiras ou qualquer sinal que possa remeter a uma situação de risco, chame a polícia, porque essa mulher pode estar precisando de ajuda”, alerta Jeritza Braga.

A defensora ressaltou a importância da Casa da Mulher Brasileira, equipamento do Governo Federal que concentra todos os órgãos que atuam na defesa da mulher vítima de violência doméstica. Além do Nudem, lá estão a Delegacia de Defesa da Mulher, o Juizado da Defesa da Mulher, um Núcleo do Ministério Público e a Célula de Autonomia Econômica e Financeira, que funciona para as mulheres que vivem na dependência dos maridos e precisam de sustento para sobreviverem. 

“A Casa da Mulher Brasileira foi uma grande conquista, porque oportunizou a  essas mulheres a terem um atendimento humanizado, concentrado em um lugar específico“, diz Jeritza Braga. As instituições ali reunidas atuam com o mesmo intuito de proteger e trabalhar a fim de que um ciclo de violência seja interrompido. Antes, as entidades ficavam espalhadas, dificultando o trânsito da vítima entre os órgãos e, consequentemente, a celeridade de sua demanda. “Promovemos um atendimento humanizado, específico por gente capacitada que vai entender a situação em que ela está. A gente vai fazer o que for possível para que ela consiga romper esse ciclo. Então se a gente tiver que judicializar alguma ação, se ela quiser uma ação de alimento, se ela quer se divorciar, se ela quiser com ação de reconhecimento de união estável para partilhar os bens, se ela quiser a guarda, regulamentação de visita, se ela quiser entrar na esfera criminal contra o agressor, se for indenização por danos morais, danos materiais, se é investigação de paternidade, além de toda o acompanhamento psicológico, temos isso na Defensoria e ela pode nos procurar”, assinala.

Tipos de violência – O Nudem sempre pontua a importância os tipo de violência contra a mulher. São cinco, a saber: violência física, psicológica, sexual, moral e patrimonial. Seja qual for o tipo de crime, a mulher pode entrar em contato com a Defensoria e ser orientada sobre quais medidas tomar. A supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica comenta que o perfil das mulheres que buscam atendimento no órgão revela que elas, em sua maioria são solteiras, pardas, com idade entre 25 a 36 anos, possuem ensino médio completo e tem renda de um salário, sendo que 90% continuam na situação de violência mesmo depois do fim da relação, quando ainda são importunadas, ofendidas e agredidas pelos ex parceiros. 

Ao fim do debate, Jeritza Braga ressalta que a Defensoria Pública do Ceará possui cinco telefones à disposição para atendimento das vítimas, são eles: 9 8650-4003, 9 9856-6820, 3108-2986, 9 8560-2709, 9 8948-9876. Ela detalha que a mulher vai informar sua situação para um dos colaboradores e estes por sua vez vão encaminhar a demanda para alguma das defensoras e depois haverá um retorno a fim de que algum encaminhamento seja dado. 

“Ela será amparada, ouvida, encaminhada para as clínicas de psicologia, e entrará com as ações que ela tem direito por qualquer crime.  Quem precisar, quem tiver alguma dúvida, quem souber que alguém passa por alguma dessas coisas, ligue pra ser orientada, porque o nosso grande objetivo é esse”, finaliza a defensora.