Psicossocial faz 37 mil procedimentos em 2021, supera ano anterior em 36% e evidencia necessidade de cuidado social
O serviço psicossocial da Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará (DPCE) bateu novo recorde de procedimentos em 2021 após já ter apresentado expressivo crescimento de produtividade em 2020. No ano passado, o setor registrou 36,37% de aumento nas demandas em comparação com o período anterior, chegando a 37.030 ocorrências (entre atendimentos, acompanhamentos, encaminhamentos, visitas etc).
Em números brutos, isso representa 9.877 procedimentos a mais, já que em 2020 foram contabilizados 27.153. “A demanda está mais alta desde o começo da pandemia. Nós temos sido procuradas tanto por defensoras e defensores que nos encaminham casos, quanto pelos próprios assistidos. Um assistido manda o outro. Mas não podemos atribuir este aumento apenas a questões de saúde mental. Nós somos uma equipe psicossocial e lidamos com pessoas que têm muitas marcas de questões sociais: precisam de um benefício, de escola pro filho, de moradia… Nós fazemos toda uma articulação de contexto social”, explica a coordenadora do serviço, psicóloga Andreya Arruda Amendola.
Segundo ela, é recorrente a busca do serviço por pessoas em sofrimento psíquico por, muitas vezes, não terem o mínimo à sobrevivência. “A maioria vem com sofrimento psíquico. Você não ter condições de sustentar sua própria casa, seus filhos, isso machuca. E eles não chegam na Defensoria assim que o problema começa. Eles tentam resolver antes de toda maneira e não conseguem. Isso gera desgaste e frustração. Nós somos a luz no fim do túnel, principalmente nos casos de família. A pessoa pensa: ‘é um conflito que eu fui incompetente pra resolver’. E isso afeta a autoestima, os relacionamentos; impacta, muitas vezes, o trabalho; afeta os estudos. E isso você não resolve só com uma conversa. Tem que ter um acompanhamento, porque nosso público também é extremamente vulnerável”, acrescenta a psicóloga.

A supervisora do serviço frisa que nem as festividades de dezembro nem a chegada da quadra invernosa derrubaram os atendimentos do fim do ano, como habitualmente acontece no Psicossocial da Defensoria. Isso porque mesmo com o retorno de atividades presenciais por agendamento a instituição manteve a possibilidade de a população acessar as equipes multidisciplinares de forma online: por ligação, Whatsapp e até e-mail.
Tudo o que antes só era feito pessoalmente, agora ficou mais fácil. “A pessoa que nos procura vem cheia de fragilidade emocional e está em situação de vulnerabilidade. Muitas sequer têm recurso pra pegar ônibus. Então, essa pessoa não pode chegar na gente e dar ‘viagem perdida’. A gente tenta resolver a demanda dela a todo custo. É comum, por exemplo, nós entrarmos em contato com o Caps do território onde a pessoa mora pra ela conseguir o que precisa resolver por lá com um encaminhamento nosso por escrito”, cita Andreya Arruda.
Com o mundo entrando no terceiro ano da pandemia de Covid-19, ela enxerga mudanças nas demandas que chegam aos balcões do Psicossocial. No início, em 2020, violência doméstica e divórcio eram os principais casos. “Agora está mais pulverizado: tem pedido de DNA, tem guarda, tem alienação parental, tem moradia, tem violação de direitos na comunidade, tem questões de medidas socioeducativas, tem questões das crianças acolhidas…”, detalha.
PSICOSSOCIAL
Direitos da mulher: (85) 98560-2709 (8h às 14h) e (85) 989489876 (11h às 17h)
Direitos da pessoa presa: (85) 98400-6258 (8h às 14h) e (85) 981633839 (11h às 17h)
Direitos da Infância e Juventude: 98400-6255 (8h às 14h)
Atendimento inicial da Defensoria (família e cível): (85) 997310293 (8h às 14h) e (85) 988664520 (11h às 17h)
Adolescente em Conflito com a Lei: (85) 986168765 (8h às 14h) e (85) 984005994 (11h às 17h)
Cariri: (88) 98842-0757 / (88) 99934-8564 /(88) 996808667
E-mail: psicossocial@defensoria.ce.def.br
