Encontro debate sobre encaminhamentos para saúde mental de crianças e adolescentes em unidades de acolhimento de Fortaleza
A Defensoria Pública do Estado do Ceará realiza o acompanhamento de crianças e adolescentes que estão em unidades de acolhimento em Fortaleza. Nesta semana, defensores públicos e a equipe multidisciplinar composta por psicólogos e assistentes sociais realizaram um encontro para debater sobre políticas voltadas às questões de saúde mental de crianças e adolescentes institucionalizados e pensar em um atendimento voltado especificamente para esse público.
Trata-se de um público de extrema vulnerabilidade. De acordo com o defensor público Adriano Leitinho, titular da 3ª vara da Infância e Juventude, eles costumam carregar em si uma série de traumas que tendem a piorar quando passam a viver em acolhimento, ocasionando diversos problemas psiquiátricos e psicológicos. “Sendo assim, precisam de acompanhamento com profissionais da área da saúde mental. Essas crianças e adolescentes não vêm contando com o devido acompanhamento por parte do município no tocante ao seu direito fundamental à saúde. Consultas com psiquiatras não agendadas ou com espera muito longas e ausência de acompanhamentos psicológicos são alguns dos problemas que veríamos dentre outros. É preciso que as unidades de acolhimento tenham profissionais em números suficientes para atender todas essas crianças e esses adolescentes com prioridade absoluta como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente”, destaca Adriano
Para a supervisora do setor psicossocial da Defensoria, a psicóloga Andreya Arruda Amêndola, existem muitas demandas de crianças e adolescentes relacionadas à saúde mental, mas os serviços ofertados para suprir essa necessidade são poucos. “No nosso município, a gente só tem dois CAPs infantis para atender esse público. E isso, claro, é insuficiente. Enquanto, a gente tem dois em cada regional para adultos,só temos dois em todo o município de Fortaleza, para atender à demanda de crianças e adolescentes”, contextualiza Andreya.
O primeiro passo dado será a realização de um levantamento de todas as crianças e adolescentes que precisam de tratamento para, posteriormente, organizar um mutirão de avaliação dos acolhidos em questão.
“A Defensoria Pública tem um papel muito importante na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, o que inclui o direito à saúde. Então nós temos um papel de buscar, junto aos órgãos responsáveis, como o município de Fortaleza, que os direitos à saúde dessas crianças sejam cumpridos com efetividade e que elas tenham os seus problemas devidamente tratados pelos órgãos responsáveis, como psiquiatras e psicólogos, que a gente percebe que estão ausentes nas unidades de acolhimento ou em números insuficientes”, ressalta o defensor.
“Essa ação que foi pensada, é de extrema importância e muito necessária para essas crianças que estão em acolhimento , visto que elas estão sob a responsabilidade do Estado. Algumas estão em acolhimentos estaduais, outras, municipais. Mas é uma responsabilidade de todos nós poder prover essa questão da assistência delas”, complementa Andreya a respeito da reunião realizada para tratar do assunto.

