Com atuação da Rede Acolhe em defesa das vítimas, chega ao fim o julgamento do caso Paulo Victor
“Estou feliz porque a justiça foi feita. Eu nunca quis vingança”. Foi assim que Ilana Maria Bezerra da Silva reagiu ao final do Tribunal do Júri que levou à condenação de 13 anos e 9 meses de prisão do policial pelo assassinato de seu filho, Paulo Victor. A noite de 24 de julho de 2022, quando o filho de 16 anos saiu de casa para comprar uma pasta de dentes e foi morto a tiros, vítima de uma operação policial no bairro Mondumbim, nunca será esquecida, mas a responsabilização é uma etapa importante para quem busca justiça.
Esse foi mais um caso em que a Rede Acolhe, projeto da Defensoria, atuou em defesa das vítimas, assegurando que os familiares sejam ouvidos, contribuindo para um processo justo e transparente. O projeto é referência no Brasil e oferece assistência jurídica e acompanhamento multidisciplinar às mães, familiares e amigos das vítimas. Dois defensores públicos atuaram no Tribunal do Júri, como assistente de acusação, até o desfecho do caso, que levou 16 horas.
A Defensoria Pública atuou como assistente de acusação e, de acordo com o subdefensor geral, Leandro Bessa, o resultado mostra a importância deste trabalho. “Atuamos junto com o MPCE para refutar a tese de legítima defesa. E os jurados também entenderam que essa situação foi de homicídio, e não de legítima defesa”, explica.
Além da prisão em regime fechado, o policial foi condenado a perder o cargo e também deverá pagar a quantia de R$ 13.500 como reparação por danos morais. “Acho que hoje vou dormir, porque tem quase três anos que eu não durmo direito. Fico acordado, esperando meu filho voltar”, planeja Francisco Valteir, o pai de Paulo Victor, depois de acompanhar mais de 16 horas de julgamento e reviver junto da esposa, a pior dor de suas vidas.
O julgamento ocorreu em primeira instância e a defesa do policial ainda pode recorrer da sentença condenatória.
