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Além do diagnóstico: Conheça a história de M.B, adolescente de 17 anos que utiliza o estágio na Defensoria para superar desafios do TEA

Além do diagnóstico: Conheça a história de M.B, adolescente de 17 anos que utiliza o estágio na Defensoria para superar desafios do TEA

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No mês de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE) apresenta a história inspiradora de  M.B, um adolescente de 17 anos recém-contratado como estagiário na cidade do Crato. Aprovado em terceiro lugar no processo seletivo, o jovem aproveita sua nova rotina de trabalho como uma oportunidade para enfrentar as dificuldades de interação social, uma das características do autismo. A iniciativa não apenas promove a inclusão, mas também serve como um exemplo de superação e resiliência.

Com poucas semanas de atuação, M.B já contribui com o atendimento e o cadastro de visitantes. Entusiasmado, compartilha suas expectativas:
“As expectativas que eu tenho é sair daqui com experiência e superar o medo que eu tenho de lidar com as pessoas, não completamente, porque demora por causa da terapia, mas ter uma noção de como é”, conta.
O estágio também representa um passo rumo ao seu sonho profissional: ser perito. A inspiração vem de casa — a irmã é enfermeira e o motivou a se interessar pela área da saúde.

A caminhada até a Defensoria foi marcada por incentivo familiar, acompanhamento psicológico e determinação. O programa “Primeiro Passo”, que possibilitou sua contratação, é uma parceria da DPCE com a Secretaria da Proteção Social (SPS), com foco na inclusão de jovens de escolas públicas no mercado de trabalho. A iniciativa busca promover acessibilidade e quebrar barreiras sociais, beneficiando 155 estudantes em todo o Ceará.

Durante a entrevista, M.B compartilhou espontaneamente seu diagnóstico e ressaltou que não necessitaria de acompanhamento específico no ambiente de trabalho. O processo foi acompanhado de perto pela psicóloga da Defensoria no Crato, Priscilla Raquel, que destaca o significado desse momento:
“Nosso objetivo em ter ele ali com a gente é porque ele é capaz. Não só ele, mas quantos outros jovens que acabam acreditando que, devido ao transtorno, não enxergam essa capacidade”, afirma.

Antes de ser alocado em um setor definitivo, M.B está passando por um rodízio interno, conhecendo diferentes áreas da instituição. Ele realiza atividades administrativas, como anotações e cadastros no sistema, e vai ganhando familiaridade com a rotina institucional no seu tempo, de forma gradual.
“Eu digo para que elas tentem, porque é possível”, aconselha, referindo-se a outros jovens com TEA que, por medo ou insegurança, ainda não se sentem à vontade para disputar oportunidades.

Liliane Andrade, supervisora do projeto na Defensoria, explica que a proposta é oferecer chances reais de desenvolvimento.
“Nós buscamos promover a inclusão de jovens em situação de vulnerabilidade social. Durante o estágio, eles vão trabalhar na área administrativa, auxiliando a equipe e os defensores do núcleo”, afirma.

Para a coordenadora do setor psicossocial da Defensoria, Andreya Arruda, é preciso ir além do acesso ao trabalho: o foco está na criação de ambientes verdadeiramente acolhedores e inclusivos. “Falar em inclusão efetiva vai muito além da contratação. É necessário que o ambiente de trabalho seja acolhedor e propício para receber esses profissionais de forma justa e eficaz para o seu desempenho, desenvolvimento, aprendizagem e realização profissional”, pondera. “Oportunizar não só a inserção no mercado de trabalho, mas sobretudo que sejam aprendizados positivos e que permita que ele possa mostrar suas habilidades e potenciais. Para além de se pensar em uma questão de justiça social, mas sim compreender que suas características únicas podem agregar valores ao ambiente de trabalho”, completa.