
DPCE realiza escuta ativa à comunidade de Bitupitá, em Barroquinha
Texto e fotos: Ana Paula Lopes
417 km separam Fortaleza de Bitupitá, distrito do município de Barroquinha, localizado no litoral do extremo oeste do Ceará, próximo à divisa com o Piauí.
Esse foi o percurso realizado nesta quarta-feira (28) pela Defensoria Pública do Ceará para promover uma roda de conversa a fim de ouvir as principais demandas dos moradores da localidade, que abordaram desde conflitos na atividade pesqueira, acesso à documentação e aos benefícios do INSS
A atividade integra a 11ª edição do projeto Amar Defensoria, que levou a carreta de atendimentos da instituição ao município para oferecer serviços jurídicos gratuitos durante dois dias, 27 e 28 de agosto. A Defensoria Pública da União também participou da ação.
Conhecida por abrigar o maior manguezal do estado e por sua expressiva colônia de pesca artesanal, Bitupitá tem na atividade pesqueira a principal base da economia local. A sede da Colônia de Pescadores Z-23 foi o ponto de encontro entre a comunidade e os representantes das Defensorias.
A programação teve início com a interpretação da canção “Minha jangada vai sair pro mar…” pela ouvidora geral externa da Defensoria Pública do Estado, Joyce Ramos, em referência à atividade tradicional do território. Em seguida, a ouvidora destacou o objetivo da iniciativa.
“Sabemos que, quanto mais distante, maior a dificuldade da população em situação de vulnerabilidade acessar à justiça. São essas pessoas que mais precisam do atendimento da Defensoria. Com esse serviço itinerante, temos a possibilidade de estar próximos e conhecer as demandas que a comunidade apresenta. Esse é um espaço de fala”, afirmou.
O momento da escuta foi conduzido pela defensora pública Camila Vieira, assessora de projetos e relacionamento institucional da instituição. A defensora reforçou o papel essencial do projeto Amar Defensoria como um canal direto com as comunidades das regiões litorâneas mais afastadas.
“A promoção de espaços como esse é fundamental para que possamos exercer, de fato, uma escuta ativa e qualificada. O projeto foi pensado justamente para estar presente nas comunidades onde muitas vezes o acesso à justiça ainda é um desafio. Aqui, conseguimos acolher as demandas, oferecer orientações, identificar situações de vulnerabilidade e encaminhar os casos para os devidos acompanhamentos. É um trabalho que fortalece a confiança das pessoas na Defensoria e reafirma nosso compromisso com a população que mais precisa”, destacou Camila Vieira.
Presidente da Colônia Z-23 desde 2017, Milena Freitas de Carvalho ressaltou a importância de receber a ação dentro da própria comunidade.
“Nosso deslocamento é difícil. Muitas vezes, não temos recursos ou não podemos deixar a colônia sem suporte para buscar apoio dos pescadores. Esse momento contribui para conscientizar os moradores sobre a importância de manterem sua documentação em dia e entenderem seus direitos e deveres. A expectativa é de que venham frutos para nossa gente, que tanto precisa de apoio”, disse.
A marisqueira Elda Maria Veras, nativa de Bitupitá e filha do fundador da colônia, Jonas Ferreira Veras, também participou do encontro. Tesoureira da Z-23, diz que o sentimento que fica hoje é o de esperança.
“Aqui, nosso ouro é o peixe. Meu pedido é que olhem para o nosso povo. Precisamos de apoio, precisamos de socorro. Que venha alguma luz, algo que ajude nossa população a crescer. Nossa terra é um paraíso, mas tem muita gente precisando de suporte. Com essa vinda de vocês, esperamos que as coisas comecem a sair do papel”, afirmou.
O secretário de Turismo, Meio Ambiente, Desenvolvimento Rural e Pesca do município de Barroquinha, José Maurício Magalhães, destacou a relevância do encontro para a população.
“Tivemos uma tarde produtiva aqui na comunidade de Bitupitá, em parceria com as Defensorias Públicas Estadual e Federal. Foi um momento importante de escuta e diálogo com os pescadores, onde tratamos de temas como a pesca com curral, essencial para a economia local, e sobre como os moradores acessarem seus direitos. Assumimos o compromisso de retornar nas próximas ações e apoiar os pescadores na regularização de seus cadastros, garantindo acesso a políticas públicas importantes”, afirmou.
A roda de conversa marcou o início do diálogo direto com a comunidade. Ao final do encontro, todas as demandas apresentadas pelos moradores foram registradas pelas equipes da Defensoria, com o compromisso de análise e encaminhamento adequado a cada caso.