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Construindo um futuro ancestral: reflexões sobre a humanidade na justiça do amanhã

Construindo um futuro ancestral: reflexões sobre a humanidade na justiça do amanhã

Publicado em
Texto: Bianca Felippsen
Fotos: Ary Feitosa

“A construção de um futuro ancestral, como nos lembra Krenak, nos impõe reparar os erros do passado.” Com essa afirmação, a juíza Flávia Martins de Carvalho, primeira ouvidora do Supremo Tribunal Federal (STF), provocou uma profunda reflexão sobre a importância de valorizar a memória e reconhecer os ciclos históricos. Durante sua palestra “Defensoria Pública e a Justiça do Futuro”, realizada no seminário “Construindo a Defensoria do Futuro”, promovido pela Escola Superior da Defensoria Pública nos dias 24 e 25 de maio, no Centro de Eventos do Ceará, a juíza destacou a relevância de compreender o passado para projetar um futuro consciente e profundamente humano.

Citando Nego Bispo, Flávia ressaltou que a história deve ser vista como “um começo, um meio e um começo”, enfatizando a natureza cíclica dos aprendizados sociais e históricos. Com presidência da mesa pela defensora geral do Ceará, Sâmia Farias, e mediação da defensora pública de segundo grau e subcorregedora Patrícia Sá Leitão, o debate explorou questões essenciais para entender o papel da Defensoria em um contexto transformado pela tecnologia.

Apesar do entusiasmo que acompanha as possibilidades da inteligência artificial, como maior qualidade de vida e eficiência em tarefas diárias, Flávia reforçou que nosso traço distintivo como humanos é “a capacidade de errar e sentir”. Segundo ela, são essas características que continuarão definindo nossa humanidade diante da tecnologia avançada. “A justiça do futuro é aquela capaz de acolher o que ficaram para trás”.

Neste sentido, ela destacou ainda o papel essencial da Defensoria, afirmando que a justiça do futuro é aquela que olha com sensibilidade para as ‘humanidades’ e para o sentir. “A Defensoria tem papel fundamental para nos lembrar da importância do direito ao erro”, pontuou a juíza.

“A questão que mais me inquieta é aquela que vi estampada em uma parede do Museu de História Natural em Washington: ‘O que significa ser humano?’ Essa pergunta, que atravessa eras com respostas diferentes, ganha nova urgência diante do avanço da inteligência artificial, trazendo desafios éticos significativos”, destacou Flávia.

Flávia também alertou sobre a dificuldade de compreender plenamente os impactos imediatos da inteligência artificial devido à proximidade com que vivemos essas transformações tecnológicas. “É como tentar ler um jornal colado na ponta do nariz; precisamos de certo distanciamento para discernir claramente. A revolução trazida pela inteligência artificial está exatamente nesta posição, próxima demais para ser completamente entendida agora”, explicou.

Para a defensora-geral Sâmia Farias, as reflexões levantadas no encontro “aproximam os membros e corpo técnico da Defensoria, estimulando uma reflexão propositiva e essencial para o futuro da instituição”.