Debate “Defensoria de ontem, de hoje e de amanhã” abre a celebração aos 25 anos da instituição
A Escola Superior da Defensoria Pública (ESDP) realizou na última sexta-feira (28/01) o primeiro ciclo de debates de 2022. O evento ocorreu em formato online, pela plataforma digital do Youtube, e os convidados para o momento falaram um pouco sobre a trajetória na Defensoria. O evento marca a abertura dos trabalhos do Ano 25 da Defensoria do Ceará.
O debate “Defensoria de ontem, de hoje e de amanhã” contou com as falas da defensora pública do segundo Grau, Ana Cristina de Alencar; da vice-presidente da Associação Nacional das Defensoras e dos Defensores Públicos (Anadep), Rita Lima e do defensor público do estado do Rio de Janeiro, Pedro Gonzales, além da diretora da ESDP, a defensora pública Ana Mônica Anselmo de Amorim.
“Em 28 de abril de 2022, estamos completando 25 anos de Defensoria Pública do Ceará. É um marco. É um momento que deve ser celebrado, os 25 anos de uma instituição que tenta efetivamente fazer justiça social. Uma instituição que tenta levar seu assistido um conforto, um auxílio”, explica a diretora da SDP, Ana Mônica Amorim. E complementa a fala explicando o sobre o tema do debate. “A Defensoria Pública, ela não é só uma instituição do sistema de justiça. Ela é mais que isso. Ela é uma instituição que visa principalmente fazer justiça social. Ela se preocupa com o bem estar do seu assistido e busca tentar auxiliar, seja judicialmente, seja extrajudicialmente. E, diante dessa perspectiva, esse primeiro evento, que abre o nosso ano 25 oficialmente, idealizamos falar um pouco da Defensoria Pública de ontem, de hoje e de amanhã. Da Defensoria Pública como ela foi concebida; Defensoria Pública como ela está hoje e das perspectivas da Defensoria Pública para o futuro.”
O evento foi dividido em três momentos, onde cada defensora e defensor presente falou por um período de tempo sobre suas experiências na instituição. Quem iniciou a apresentação foi Rita Lima. Ela contou um pouco sobre o trabalho desenvolvido por ela na Anadep. Além disso, ela expôs que agora, em 2022, faz 15 anos como defensora pública e sendo assim, decidiu que abordaria sobre a trajetória da Defensoria através da própria história pessoal.
A defensora discorreu sobre as mudanças pelas quais passou a DP. “A gente não pode esquecer nossas raízes, sob pena de sermos contraditórios com o nosso papel, de passarmos a replicar uma ótica elitizada, uma prática excludente, quando, na verdade, nós sempre devemos nos atentar a todas as dificuldades que passamos para chegar onde chegamos. Quando estamos na celebração de um quarto de século de uma Defensoria, é sempre bom lembrarmos da importância da conquista da nossa autonomia administrativa e financeira; dos ajustes estratégicos que nós tivemos no texto constitucional, que mudaram a nossa missão. Então, nós somos reconhecidos como promotores de direitos humanos constitucionalmente e isso é fruto de luta. Isso é uma conquista”, enfatiza Rita Lima.
“É avanço este aumento da visibilidade, do respeito e do nosso prestígio institucional. Isso se deu em razão do valor do nosso trabalho. É o trabalho do dia-a-dia em atendimentos em presídios, nas Varas de Família, da Infância, às mulheres e pessoas em situação de vulnerabilidade. Nosso trabalho é tão potente que a gente entendeu que a nossa estratégia política era apenas divulgar o nosso trabalho”, reforça.
Em sua fala, a defensora pública cearense Ana Cristina Alencar também percorreu o seu caminho na DPCE, mencionando algumas experiências vividas por ela ao longo do tempo e de seu trabalho. Mas, principalmente, ela aborda as mudanças que facilitaram a conexão da instituição para com o seu público. “Nós não tínhamos computador. Nós não tínhamos telefone celular. Os telefones eram fixos. não existia essa facilidade de acesso à informação, essa facilidade de conexão. Hoje nós temos redes sociais. Hoje nós temos muitas coisas que podem nos ligar aos nossos assistidos. A Defensoria Pública não tinha prédios, não tinha salas. A Defensoria Pública contava com a pena das pessoas que estavam próximas. O maior enfoque da gente era ingressar com processo judicial. Hoje nós temos um atendimento mais social. Estamos ao lado da sociedade neste percurso, crescendo com ela”, explica.
Já Pedro Gonzales, defensor público do Rio de Janeiro, refletiu sobre o futuro da organização. “Quando eu penso em desafios de futuro para a Defensoria Pública, me vem à cabeça duas grandes questões: novas tecnologias e também na crise política em nível mundial, os retrocessos democráticos que estamos observando em diversos países. Eu acho que, apesar dessas duas perspectivas, esses dois desafios podem ter a mesma resposta: a conexão com os assistidos, com os destinatários dos nossos serviços, com as minorias sociais. Ao falar sobre as tecnologias, já vinha se pensando como aprimorar os serviços, como modernizar a Defensoria Pública. Mas a pandemia, em 2019, foi um choque e se teve que acelerar todo o processo. Do dia para a noite, a instituição que sempre foi sinônimo de aglomeração, com salas cheias e filas nas portas, não podia mais se aglomerar. A Defensoria Pública de repente teve que se modernizar. A questão que fica é: terá um legado isso? Quando não tiver nenhuma restrição em relação a pandemia, será que poderão ser abandonados os canais digitais adotados durante esse período e fechar essas portas que foram abertas por meio de atendimentos por aplicativos como Whatsapp?”, questiona o defensor.
O evento foi aberto ao público e o vídeo ficou disponível no canal do youtube da Defensoria Pública do Estado do Ceará.

