Defensoria prestigia homenagem aos 20 anos da Atrac em prol de mulheres trans e travestis
A Defensoria Pública Geral do Estado (DPCE) prestigiou nesta sexta-feira (26/11) sessão solene promovida pela Assembleia Legislativa em homenagem aos 20 anos de existência e atuação da Associação de Travestis e Mulheres Transexuais do Ceará (Atrac). O evento aconteceu no Plenário 13 de Maio, na sede daquele parlamento.
Representando a DPCE, a assessora de Relação Institucional, defensora Lia Felismino, compôs a mesa de honra e enalteceu o papel estratégico exercido pela Atrac em prol de populações tão vulneráveis. Um contexto agravado pelo fato de ser o Brasil o país que mais mata pessoas trans no mundo e o Ceará ocupar o topo do ranking nacional desses assassinatos.
“A vida não pertence só a quem é cisgênero e heterossexual. Ela é de todos, todas e todes. Ao buscar a Defensoria para mudar o nome nos documentos, por exemplo, uma pessoa trans quer ter assegurado o direito básico de existir. De ser quem ela é. E de apresentar-se como tal, na sua mulheridade ou em qualquer universo com o qual identifique-se”, afirmou Felismino.

A assessora enalteceu a atuação da Defensoria na garantia da retificação de nome e gênero nos documentos, que desde 2017, somente em Fortaleza, resultou na melhoria de vida de 415 pessoas trans. Lia Felismino ponderou, no entanto, que o Estado tem o dever de oferecer a todas as minorias o direito ao futuro.
Atualmente, a média de vida de pessoas trans no Brasil é de somente 35 anos. “Mulheres trans e travestis batem às portas da Defensoria o tempo inteiro. Vão sempre em busca de um amanhã. E a gente recebe. E ouve. E luta. E vai até a última instância! Porque a gente acredita que quanto mais opressões existirem mais acolhimento deve ser oferecido”, acrescentou a assessora da DPCE.
Deputado estadual proponente da sessão solene, Renato Roseno classificou a iniciativa de criar a Atrac, duas décadas atrás, como “ousada” diante do que chamou de “autoritarismo” ao referir-se ao cenário brasileiro para promoção dos direitos do segmento T (pessoas trans e travestis), hoje ainda ameaçado devido a conjunturas políticas nacionais e locais.
“A nossa potência é de vida. E ela é inquebrantável! É um manifesto pela inclusão, pela diversidade. Para que ninguém sofra sendo o que é e tenhamos uma sociedade livre. Os reacionários que querem colocar LGBTs no armário e as pessoas negras na senzala foram vencidos no passado e serão vencidos novamente”, afirmou o parlamentar socialista.
Já a presidente da Atrac, Andrea Rossati, qualificou a criação da entidade como um ato de “extraordinária coragem”. Para ela, no entanto, ainda “há muito sentimento de tristeza pelos ataques realizados à vida humana, e as incitações ao ódio e ao desamor que são realizados no parlamento estadual cearense e municipal de Fortaleza, pelos seus setores mais conservadores’.’
Ela pregou o diálogo e o respeito entre todos os setores da sociedade. “Precisamos passar a mensagem de que não há nada de errado conosco, pessoas trans. Nós não queremos destruir a família de ninguém, como os mais intolerantes afirmam. Queremos, antes, a liberdade de existir e viver em paz. E queremos construir um espaço de diálogo e para a democracia dentro das famílias. Quem destrói a família é o fascismo e a intolerância”, apontou Rossati.
A secretária-executiva de Proteção Social, Cidadania, Justiça, Mulheres e Direitos Humanos do Governo do Estado, Lia Gomes, comemorou vitórias conquistadas pelo segmento, principalmente a implantação do Centro de Referência Thina Rodrigues, principal homenageada da solenidade da Assembleia. Referência na causa LGBTQIAP+ e uma das fundadoras da Atrac, a travesti morreu vítima de Covid-19 em junho do ano passado.
“Esse Centro de Referência foi um filho que geramos nos dois últimos anos. Temos mais planos, como a implantação de um centro de acolhimento de mulheres transexuais e travestis, no qual, espero, começaremos a trabalhar no próximo ano”, disse Lia Gomes.
Com informações da Agência de Notícias da Assembleia Legislativa

