
Defensoria Pública prova inocência de engenheiro agrônomo após 44 dias em prisão
TEXTO: DEBORAH DUARTE
FOTO: DIVULGAÇÃO
A tarde da última sexta-feira (5) trouxe alívio e esperança para a família de Raimundo Valdízio Daniel Lima, de 31 anos, engenheiro agrônomo, preso preventivamente desde o dia 24 de julho na Unidade Prisional de Quixadá, Valdízio foi acusado injustamente de envolvimento com organização criminosa.
Natural de Baturité, no interior do Ceará, o engenheiro trabalhava em uma empresa no Crato e conciliava a rotina profissional com o mestrado em Energia e Meio Ambiente, na Unilab. Ele foi detido durante uma operação da Polícia Cívil, sob a suspeita de ser proprietário de um número de celular encontrado em um grupo de WhatsApp monitorado pela polícia. A investigação, no entanto, apontava apenas que o dispositivo acessou a rede Wi-Fi da residência da família de Valdízio, cujo cadastro estava em seu nome.
Para o defensor Emerson Castelo Branco, titular do Nuapp, não havia qualquer vínculo direto entre o engenheiro e a linha monitorada. “A identificação do IP da rede Wi-Fi de Valdízio indica apenas que aquele número acessou a internet em sua residência, mas isso não comprova que ele seja o dono da linha ou tenha qualquer participação no grupo investigado. Qualquer celular conectado àquela rede teria a mesma identificação de IP”, explicou.
Para comprovar a inconsistência da acusação, a Defensoria apresentou laudos técnicos de empresas de tecnologia citadas no inquérito. Todas confirmaram que o número rastreado não correspondia a nenhum dado pessoal do rapaz. “Tudo não passou de um engano já devidamente esclarecido pela Defensoria e de fato aconteceu o que acreditávamos que aconteceria: a liberdade dele diante das provas apresentadas”, afirmou o defensor.
O Ministério Público do Estado do Ceará, por meio das Promotorias de Justiça de Combate às Organizações Criminosas, apresentou o parecer manifestando-se favoravelmente ao pedido de revogação da prisão preventiva. “A prisão preventiva do requerente foi decretada com fundamento exclusivo na suposta vinculação de seu número telefônico a um grupo de aplicativo de mensagens, supostamente utilizado por organização criminosa atuante no Município de Baturité. Contudo, tal contexto revela a completa ausência de justa causa para a manutenção da prisão.”
A decisão foi proferida na sexta-feira (5), pelos juízes da Vara de Delitos de Organizações Criminosas, revogando a prisão preventiva. O caso também era acompanhado pela defensora Renata Peixoto. O defensor Emerson Castelo Branco acompanhou com a família a soltura do rapaz que mobilizou familiares, amigos e colegas de universidade. Um abaixo-assinado pedindo a liberdade do engenheiro já reuniu cerca de 500 assinaturas e relatos sobre as dificuldades enfrentadas por ele durante o encarceramento foram compartilhados nas redes sociais.