Homem é solto após Defensoria Pública apresentar provas de sua inocência em Iguatu
Texto: JAMILLE BEZERRA, ESTAGIÁRIA DE JORNALISMO SOB SUPERVISÃO
ILUSTRAÇÃO: DIOGO BRAGA
Após um ano tentando reconstruir a vida fora do sistema prisional, um homem de 53 anos foi preso novamente, acusado de tráfico de drogas em Iguatu, no interior do Ceará. A prisão aconteceu durante uma operação policial no bairro Vila Neuma, em 2024, quando agentes relataram que uma jovem, abordada pelos policiais, teria apontado o homem como o traficante de drogas. Com base nesse relato e na quantia de dinheiro encontrada na casa, ele foi detido em flagrante.
A versão do homem, contada ao defensor do caso, no entanto, era diferente. Segundo o mesmo, a sua casa foi invadida pelos policiais durante a madrugada, sem mandado judicial, ele sofreu agressões físicas e ameaças para confessar um crime que não cometeu.
A Defensoria Pública do Estado do Ceará assumiu a defesa do caso e iniciou uma busca por provas que comprovassem a versão do assistido: depoimentos de testemunhas reforçavam sua tese. Os vizinhos afirmaram conhecer a rotina do homem, que trabalhava com reciclagem e como servente, saindo de casa diariamente bem cedo e retornando apenas no fim do dia. As testemunhas também relataram que nunca identificaram movimentações suspeitas na residência.
O defensor público Matheus Camacho foi o responsável pela defesa. “Mesmo que no processo se queira considerar que estaria configurado o porte para uso próprio de entorpecente, não existe, nas condições para o regime semiaberto, nenhuma proibição para uso de entorpecente, principalmente na esfera privada (dentro de sua casa). Em razão disso, pedimos a reconsideração da decisão que havia determinado a regressão de regime com a imediata expedição de alvará de soltura, bem como para que fossem desconsiderados os reflexos da referida decisão nos direitos do homem na execução penal”, explicou o defensor.
Com base nas provas apresentadas – entre elas fotografias, depoimentos e a comprovação da rotina de trabalho – a juíza da 2ª Vara Criminal de Juazeiro do Norte determinou a liberdade do homem, reconhecendo a ausência de elementos suficientes para mantê-lo preso. “É fundamental compreender o papel da investigação defensiva e a diferença que ela faz para provar a inocência de quem está sendo acusado injustamente”, destacou o defensor público Matheus Camacho, responsável pelo caso.
