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Mães do Curió são recebidas e debatem angústias ante a proximidade do julgamento, um dos maiores da história recente do Ceará

Mães do Curió são recebidas e debatem angústias ante a proximidade do julgamento, um dos maiores da história recente do Ceará

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A Defensoria do Ceará acompanha desde os primeiros dias de 2015, os familiares e vítimas do caso da Chacina do Curió, que vitimou 11 pessoas no bairro periférico de Fortaleza. Por meio da Rede Acolhe, com as defensoras Gina Moura e Michele Camelo e com a presença da defensora geral, Elizabeth Chagas, os familiares tiveram na manhã desta terça (18), mais uma reunião sobre o caso, desta vez na sede do Ministério Público do Estado.

Presentes, o procurador geral de justiça, Manuel Pinheiro e os promotores que atuarão no Júri, as Mães do Curió, a Comissão de Direitos Humanos da Alece, representada pelo deputado Renato Roseno, a presidente da Anistia Internacional, Jurema Werneck, a diretora Mara Carneiro do Cedeca/Ceará e os membros da Defensoria dialogaram sobre as atuações que antecedem este momento, o julgamento de quatro acusados em Tribunal do Júri, que começa em 20 de junho e promete ser um dos maiores e mais intensos da história recente do Estado.

Quase oito anos após o crime, as famílias das vítimas vivem a expectativa do julgamento de parte dos réus envolvidos. Edna Carla, uma das lideranças das “Mães do Curió”, fez uma fala contundente sobre a dor de quem carrega o peso de ter um filho assassinado por policiais militares e que seguiu a vida em luta por um propósito: buscar justiça. O Ministério Público denunciou 45 acusados pelos crimes, todos policiais militares. Destes, o Poder Judiciário pronunciou 34 réus que vão a júri popular. “Temos um grande compromisso com a sociedade cearense e estamos prontos para envidar todos os esforços, como instituição, para tentar responsabilizar aqueles que cometeram esse crime”, disse Manuel Pinheiro.

Para a defensora geral, a escuta das famílias sempre é um momento importante e de crescimento para quem atua no dia a dia do sistema de justiça. “O Acolhe, projeto da Defensoria, nasce na época da Chacina do Curió, porque, entendemos que essa é uma escuta importante: a dor de quem passa pela violência de forma tão avassaladora. Também veio da indicação de um relatório da Assembleia chamado Cada Vida Importa, que dizia isso, da importância de um projeto dedicado às vítimas, lá atrás, em 2017. Às vezes, essas famílias manifestam sua dor como um grito, e isso é necessário. Estamos aqui para ouvir. Esse momento aqui é para que a gente reafirme, que esteja junto, que possamos pensar juntos. A Defensoria está aqui para assumir um compromisso com vocês, com as Mães e demais parceiros, em somarmos forças. E é assim que eu acredito e a minha forma de trabalhar”, frisou.

Para a diretora da Anistia Internacional, o momento de diálogo foi oportuno. “É com alívio que eu digo que a Anistia vem ao Ceará apenas para fazer história, porque essa colaboração entre as instituições não é comum no resto dos Estados”, disse Jurema Werneck, com esperança de que as famílias encontrem a resposta e a justiça que tanto buscam.