Memória e justiça: campanha unifica a mensagem #justiçapelocurió com site, camiseta e mobilização
De uma reunião entre os assessores de comunicação de instituições públicas e de uma entidade da sociedade civil em meados de abril de 2023 veio uma decisão: era preciso unificar a comunicação e criar uma unidade visual que retratasse os crimes da madrugada de 11 de novembro de 2015 em Fortaleza, quando aconteceu uma chacina que vitimou 11 jovens.
A proximidade da primeira sessão do Tribunal do Júri tornava a pauta urgente e uma mobilização era necessária para amplificar a voz de mães, familiares e sobreviventes da Chacina do Curió, que atendesse ao fim de uma mobilização social em busca de responsabilização dos crimes ocorridos.
Assim nasce a proposta da página 11docurio (Acesse a página AQUI), que além de um site próprio, abriu um canal nas redes sociais (no Instagram @11docurio) e também alberga uma campanha com a identidade visual que foram transformadas em banners, adesivos, camisas e faixas pela memória e por justiça para as vítimas do bairro Curió.
A união das comunicações das instituições Defensoria do Estado, Ministério Público do Ceará, Comitê de Prevenção e Combate a Violência da Assembleia Legislativa e Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca/Ceará) visa apoiar a luta das mães e familiares que buscaram nas instituições um abrigo e defesa.
Na reunião, uma constatação: o crime começou dia 11/11 (seguiu pela madrugada do dia 12), com início às 11h da noite e vitimando 11 pessoas. A conexão de dígitos pode ser coincidência, mas carrega um simbolismo. Veio a ideia do nome: #11docurió, em memória a essas vítimas, em sua maioria jovens. Dali, ainda se fez referência ao simbolismo do pássaro, que nomeia o bairro, que ficou marcado pela Chacina, que, por ironia, tem um dos cantos mais bonitos.
“É um canto bonito este que se une em solidariedade e em rede por justiça. Embora cheia de dores e de ausências, essas Mães conseguiram selar na história – graças a sua mobilização – o nome dos 11 do Curió, em favor de justiça. Assim como elas se reuniram: as instituições também se unem para somatório de força”, explicam em nota os assessores que assinam as peças.
A campanha começou nas redes sociais em julho, com o perfil @11doCurio e hoje (20/6), primeiro dia do júri, foi lançado o hotsite que unirá este material. A página traz consigo um tom memorialista às vítimas e de ressonância da luta dos parentes por justiça.
Para uma das mães, Edna Carla Souza Cavalcante, mãe de Álef, é fundamental a união das famílias, instituições e sociedade para que a mobilização ganhe força e consiga alcançar justiça. “A nossa luta começou a tomar sentido e a ganhar espaço. Isso tem dado uma força muito grande. Quando você luta com mais pessoas, o seu grito tem mais potência. Ninguém apagará o meu filho da história. Ele existe e ele vai sempre existir. Eu vejo que meu filho morreu para haver uma transformação, pelo menos, na minha vida. Hoje sou militante dos direitos humanos, defensora dos direitos humanos”, explica a mãe de Álef, que faleceu na chacina.