
“Meu Pai Tem Nome” fortalece vínculos familiares em Fortaleza
TEXTO: JULIANA BOMFIM
FOTOS: ZÉ ROSA
“Alexandro, pai de dois.” Essa frase resume o momento vivido pelo auxiliar de manutenção Alexandro Carvalho, que iniciou neste sábado (09) o processo de reconhecimento de paternidade socioafetiva de Weverson, 13 anos, e Lorena, 7, durante o mutirão Meu Pai Tem Nome, realizado na sede da Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE), em Fortaleza.
A nova certidão de nascimento vai oficializar um vínculo construído ao longo de mais de dois anos, desde que Alexandro passou a morar com Cleomar, mãe das crianças. “Com a convivência, fomos nos apegando e eles logo começaram a me chamar de pai. Eu já exercia esse papel na vida deles e, quando soube do mutirão, decidi que era hora de formalizar. Estou muito feliz”, comemora.
Para a defensora pública geral, Sâmia Farias, o mutirão é fundamental para garantir o direito à identidade e à cidadania plena. “Estamos aqui para promover a justiça social e fortalecer os vínculos familiares. Este é um momento de celebração da paternidade responsável e da importância do pai na vida dos filhos”, destaca.
Giulia, de 17 anos, perdeu o pai biológico quando ainda era pequena e não tem lembrança dele. Sua referência paterna é Márcio Vinícius Vidal, pai das três irmãs, que ela conheceu aos três anos de idade. Nas próximas semanas, será o nome dele que constará em seu registro de nascimento. “Acho que só falta isso para dizer que ele é oficialmente meu pai, porque, de fato, ele sempre foi”, afirma a adolescente.
Com o reconhecimento da paternidade socioafetiva, Márcio Vinícius rompe um ciclo de abandono parental. “Eu não tenho o nome do pai no meu registro e sei o quanto isso faz falta. Eu a tenho como filha, e ela já me chama de pai. Agora vai estar no papel também”, reforça.
Lara Picanço, gerente de proteção à primeira infância da Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), ressalta a importância do mutirão para pessoas ainda não reconhecidas pelo pai. “É um chamado para retomar os laços e exercer a paternidade, que é fundamental para a autoestima e o desenvolvimento das pessoas”, explica.
Márcia Ferreira Martins esperou mais de 36 anos para ter o nome do pai biológico em seu registro. Ela o conhece desde a infância e chegou a iniciar um processo de reconhecimento na Defensoria há alguns anos, mas desistiu. Até que Francisco Rocha, seu pai, soube do mutirão e procurou a filha para preencher essa lacuna. “Tenho contato com ela desde pequena, pois somos vizinhos no interior. A mãe dela já tinha registrado, e eu não fui atrás antes, mas sempre quis resolver e colocar meu nome no registro”, conta.
Pai e filha realizaram o exame de DNA, feito pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), parceiro da Defensoria. “É muito representativo que essa ação aconteça na véspera do Dia dos Pais e ajude famílias a recompor laços tão importantes”, destaca Ítalo Mesquita, diretor do Lacen.
“Meu Pai tem Nome” é uma iniciativa do Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege) para promover, de forma gratuita, o reconhecimento de paternidade em todo o país. No Ceará, o mutirão foi realizado pela Defensoria nas cidades de Fortaleza, Sobral e Juazeiro do Norte.
Em Fortaleza, as famílias inscritas do mutirão contaram com o atendimento de dez defensores públicos e serviços e parcerias articuladas pela Assessoria de Relacionamento e Atendimento ao Cidadão (ARC), como coleta de DNA, vacinação, aferição de pressão e glicemia. Para as crianças, a equipe do serviço psicossocial da Defensoria preparou um espaço lúdico, com contação de história.
Confira fotos do Mutirão Meu Pai Tem Nome: https://www.defensoria.ce.def.br/galeriafoto/iv-mutirao-meu-pai-tem-nome-2025/