
Projeto Cegonha é tema de palestras para capacitação de profissionais de saúde em Juazeiro do Norte
Em parceria com Centro Universitário Paraíso (Unifap) e o Centro Universitário Doutor Leão Sampaio(Unileão), o setor psicossocial da Defensoria Pública do Ceará (DPCE) realizou nos dias 22 e 23 de junho os dois encontros com palestras em Juazeiro do Norte. O bate-papo teve como tema o projeto Cegonha, ação tem como foco o acolhimento de gestantes que desejam fazer a entrega voluntária para adoção.
As palestras foram pensadas para capacitar toda rede de saúde, assistência social e de proteção à infância. O intuito é instruir esses profissionais a como lidar de maneira humanizada e quais procedimentos devem indicar a uma gestante que pretende utilizar o projeto. De acordo com a defensora pública Nadinne Callou, existe a necessidade de uma mobilização para o projeto , já que há uma ausência na efetivação da lei que propicia o instituto da entrega voluntária. “Na prática, percebi que essas mulheres terminavam não chegando ao Judiciário para efetivar essas entregas e fazer valer o seu direito. Propiciando muitas vezes adoções à brasileira (intuitu personae), adoções irregulares, comercialização de crianças, abortamentos, dentre outras situações que envolvem a maternidade indesejada”, pontua.
O projeto já atua desde 2019 prestando apoio e buscando compreender os motivos que estão levando aquela gestante a realizar a entrega voluntária. Segundo a defensora, normalmente as equipes multidisciplinares relatam sempre o mesmo perfil de assistidas. “A maioria delas são mulheres jovens que tiveram uma gravidez indesejada fruto de relacionamentos eventuais e que não pretende permanecer com seus filhos. motivadas muitas vezes por razões econômicas ou de desconhecimento mesmo jurídico”, destaca.
Caso as motivações das entregas sejam reforçadas por questões econômicas, psicológicas ou psiquiátricas, a mãe será inserida na rede de saúde e proteção, possibilitando a permanência dos laços biológicos e afetivos. “De todas essas mulheres que o projeto já atendeu, orientou e acompanhou, apenas uma delas se manteve firme no propósito de entregar. Todas as outras, a partir da orientação que foi dada e dos encaminhamentos, voltaram atrás e decidiram permanecer com seus filhos”, pontua.
O processo de entrega inicia a partir da identificação de uma mulher que deseja participar da ação. Com isso, a equipe se aproxima de forma ética, sigilosa e responsável. A gestante é acompanhada durante toda a sua gravidez. “Dentro do projeto ela passa a receber todo o acompanhamento e toda a orientação social, psicológica e jurídica para tomar a decisão de forma ciente e bastante responsável. Ao final de todo esse acompanhamento, quando ela tem o bebê a equipe expede um parecer conclusivo se aquela mulher deseja persistir na entrega ou se ela mudou de ideia”, conclui Nadinne.