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Rede Acolhe é apresentada a representantes do movimento LGBTQIAP+ para acolhimento de vítimas de violência

Rede Acolhe é apresentada a representantes do movimento LGBTQIAP+ para acolhimento de vítimas de violência

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Preocupada com o cenário de violência contra as populações LGBTQIAP+, a Defensoria Pública do Ceará (DPCE) reuniu-se nesta terça-feira (29/3) com representantes da Associação de Travestis e Mulheres Transexuais do Estado (Atrac) e do Centro Estadual de Referência LGBT+ Thina Rodrigues para colocar a Rede Acolhe à disposição desse público. O encontro aconteceu na nova sede do programa, localizada no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza.

O Acolhe é uma iniciativa da DPCE que assiste a vítimas de crimes graves violentos e aos familiares dessas pessoas. “O índice de transfeminicídios no Ceará é horrendo, mas há quem prefira ir aos jornais dizer que aqui não tem crime de transfobia. Nós temos um sentimento de abandono. A Rede Acolhe, então, é uma válvula de socorro, um diferencial no atendimento às vítimas. Porque hoje nós não temos um local que acolha essas vítimas. A partir de agora, o Acolhe passa a ser esse lugar para nos ajudar a minimizar a dor e os prejuízos emocionais que os crimes de transfobia causam. Um espaço que vai nos ajudar em casos críticos, até para fazermos encaminhamentos a programas de proteção à vítima e à testemunha, porque às vezes a gente fica sem saber a quem procurar”, afirmou a presidenta da Atrac, Andrea Rossati.

“A violência está nos territórios. Então, nós entendemos que, casos de homofobia, transfobia e lesbofobia, devem receber esses nomes porque quando damos nome a uma prática reconhecemos uma realidade. Quando vocês souberem de um caso, por favor, orientem as vítimas e aos familiares dessas vítimas a nos procurarem. Nossa abordagem é diferente da implementada por outras instituições porque nós nos preocupamos com a pessoa e não apenas com o processo criminal”, afirmou a coordenadora da Rede Acolhe, defensora pública Gina Moura.

Ela refere-se à abordagem interdisciplinar do Acolhe, cuja equipe é formada por sociólogo, assistente social e psicóloga para lidar com as diversas consequências da violência; questões que atravessam demandas de saúde física e mental, habitacional, territorial, financeira e de outras ordens. O trabalho, porém, só é feito caso a vítima/família tenha interesse.

 

 

Representante do Centro de Estadual de Referência LGBT+ Thina Rodrigues, a advogada Fernanda Colares revelou que o equipamento recebe demandas diariamente. “A maioria é para mudar o nome nos documentos e nós já encaminhamos para Defensoria, mas também chegam muitos casos de violência que a gente fica sem saber a quem procurar, porque a Polícia prefere identificar o crime como qualquer outra coisa e não cita lesbofobia, homofobia ou transfobia. Ontem mesmo pegamos um caso revoltante de violência contra uma mulher lésbica que pode ser acompanhado pelo Acolhe. É bom saber que podemos estabelecer um fluxo.”

Gina Moura reforçou a necessidade da anuência da vítima/família para os profissionais da Rede possam atuar, já que o programa da Defensoria só entra em ação após manifestação expressa do interesse dos envolvidos. “Nós trabalhamos em quatro perspectivas: verdade, memória, justiça e reparação. Nossa preocupação não é só a esfera criminal, mas também a cível, além de ações de saúde, assistência social e psicológica”, frisou a defensora coordenadora do programa. “O Acolhe atua a partir do interesse da família e da vítima para abordar questões que se manifestam somente depois do crime. Aí, fazemos um monitoramento qualificado. Esse é nosso maior esforço”, acrescenta o sociólogo da Rede, Thiago de Holanda.

A reunião contou ainda com a presença da supervisora do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas (NDHAC) da DPCE, defensora Mariana Lobo, e da assessora de relações institucionais da DPCE, defensora Lia Felismino.

Segundo relatório da Antra, o Ceará é o quarto estado brasileiro com o maior número de assassinatos de travestis e transexuais. Registrou 11 casos no ano passado, ficando atrás apenas de São Paulo (25), Bahia (13) e Rio de Janeiro (12). Tem sido assim, com pouca oscilação no ranking, desde 2017, quando a Associação Nacional deu início à sistematização de dados.

SERVIÇO
REDE ACOLHE
TELEFONES: (85) 3194.5058 ou (85) 9.8895.5723
E-MAIL: redeacolhe@defensoria.ce.def.br
ENDEREÇO: avenida Desembargador Moreira, nº 2.930, no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza.