
Rede Acolhe serve de inspiração para elaboração de novo projeto da Defensoria Pública de São Paulo
O projeto Acolhe, ação da Defensoria Pública do Ceará (DPCE) voltada para atender as necessidades de vítimas de crimes violentos, foi referência para a elaboração de um novo programa na Defensoria Pública de São Paulo (DPSP), a Rede Apoia. Inspirada nas experiências adquiridas no projeto desenvolvido, o programa pretende levar atendimento jurídico e multidisciplinar a familiares de vítimas letais decorrentes de violência institucional.
As conversas se iniciaram ainda em 2019 quando o sociólogo e coordenador da Rede Acolhe apresentou a iniciativa da DPCE e compartilhou as experiências adquiridas. A ideia cresceu e foi consolidada. Segundo Thiago Holanda, os programas nas Defensorias são fundamentais no reconhecimento e acolhimento das vítimas. “O Brasil é um dos países que mais mata no mundo. Logo, é necessário disseminar programas como a Rede Acolhe pelo Brasil inteiro para que as vítimas de violência sintam-se acolhidas no sistema de justiça, nas demandas jurídicas e nas suas demandas psicossociais decorrentes dessa violência”, pontua.
A defensora Gina Kerly, coordenadora da Rede Acolhe, destaca que as duas redes têm uma visão muito semelhante sobre a maneira que as vítimas devem ser tratadas. “Nós enxergamos elas (vítimas) como sujeito de direito. Não a vemos como vítimas apáticas, isso faz com que, embora ela esteja em uma situação de vulnerabilidade, não baixem a cabeça. Nosso trabalho serve para que a vítima tenha certeza de seus direitos e que possa recomeçar a sua vida dignamente”, pontua.
A Rede Acolhe nasceu em 2017 decorrente das demandas das mães da chacina do Curió e de outras ações que mereciam que se olhasse a vítima de violência de forma sistêmica. O diálogo entre a instituição e diversos estados já dá resultados e inspira essas práticas. Situação comemorada pelo programa. “Nosso trabalho é todo calcado em experiências do dia a dia e ser exemplo é muito gratificante porque aponta que estamos no caminho certo, ao sermos vistos como parâmetro para outras instituições”, conclui.