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Renan Quinalha e Amara Moira fazem debate sobre literatura e resistências LGBTQ+ na Unidade Prisional Irmã Imelda

Renan Quinalha e Amara Moira fazem debate sobre literatura e resistências LGBTQ+ na Unidade Prisional Irmã Imelda

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Texto e fotos: Bianca Felippsen 

A Defensoria Pública do Estado do Ceará participou da programação da XV Bienal Internacional do Livro do Ceará, realizada na Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, na manhã desta segunda-feira (7). Esta foi a primeira ação do evento no sistema prisional, e o subdefensor geral Leandro Bessa e a defensora Luíza Nível, que atua na unidade, prestigiaram o debate que foi conduzido pela escritora Amara Moira e pelo escritor Renan Quinalha. O evento, que faz parte da Bienal Adentro Ceará, trouxe literatura, arte e um espaço de reflexão para as internas, com foco na resistência e nos direitos da comunidade LGBTQ+.

Dentro da programação, o grupo Acordes para Recordar fez a apresentação de quatro músicas, e em seguida, o grupo de teatro “Portugays” encenou a peça “A Transparência é a Minha Resistência”, escrita por Luiza Maura de Souza, que aborda os desafios da comunidade LGBTQ+ na busca por direitos e respeito.

Os escritores Amara Moira, travesti e feminista, e Renan Quinalha, jurista e professor, conduziram uma roda de conversa sobre vivências e desafios da comunidade LGBTQ+. “A fogueira, que nomeia o tema da Bienal, esteve presente na vida das mulheres, das pessoas trans e dos livros proibidos. Os sodomitas, que foi uma das primeiras formas de que nos chamavam, eram condenados à fogueira. A gente parte deste momento para chegar a um fogo que pode ser um lugar de transformação”, explicou Amara Moira.

Renan Quinalha comentou: “Nosso debate é sobre respeito, cidadania e reconhecimento. Não é sobre a vida das pessoas heterossexuais. É sobre direitos”, disse. Ele ressaltou que todo direito nasce das lutas. “O que todas as letras da sigla LGBTQIAPN+ têm em comum é a violência. Nossas histórias não estão contadas a partir das nossas histórias, mas das violências que sofremos. Felizmente, isso tem mudado e temos visto crescer movimentos de luta por direitos, como resistências”, afirmou.

Durante a roda de conversa, as participantes discutiram a importância do respeito e os desafios enfrentados pela comunidade. Catarina Maria, uma das internas presentes, compartilhou a trajetória de lutas das internas trans e travestis para chegarem à unidade prisional dedicada a esse público. “Existe uma luz no fim do túnel. Na verdade, luzes coloridas como essas que vimos aqui”, disse uma das professoras presentes, emocionada.

O diretor da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, Luiz Carlos, também enfatizou a importância da ação. “A arte tem o poder de transformar e, com o apoio de todos, conseguimos levar essa experiência incrível para dentro da prisão. A união de esforços é o que faz toda a diferença”, afirmou.

O subdefensor geral, Leandro Bessa, destacou a importância da leitura como forma de liberdade. “A leitura leva a outros mundos, diferentes daqui. Nosso desejo é que ela abra portas para que vocês reconquistem a liberdade, tão aguardada por todas vocês”, afirmou Leandro Bessa.

O evento foi uma oportunidade única de reflexão e de fortalecimento das vozes da comunidade LGBTQ+, e reafirma o compromisso da Defensoria Pública com a promoção dos direitos humanos e a dignidade das pessoas privadas de liberdade.