
Projeto Elas em Ação promove manhã de serviços a mulheres do Mucuripe em mais um Natal de Paz
O Núcleo Descentralizado da Defensoria Pública no Mucuripe, em Fortaleza, promoveu nesta sexta-feira (10/12) uma manhã de serviços para as mulheres da primeira turma do projeto “Elas em Ação”. As atividades aconteceram dentro da programação da 3ª edição do Natal de Paz, realizado este ano na Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, no bairro Cais do Porto.
A Administração Superior da Defensoria prestigiou o evento, representada pelo assessor de Desenvolvimento Institucional, defensor Victor Matos Montenegro, e pelo corregedor geral, defensor Carlos Alberto Mendonça Oliveira. A presidenta da Associação das Defensoras e dos Defensores Públicos do Ceará (Adpec), defensora Andrea Coelho, também esteve presente.
“Em 2020, eu percebi que começaram a chegar muitos casos de mulheres vítimas de violência doméstica. Os relatos me sensibilizaram muito e eu senti a necessidade de um projeto que trabalhasse o interior dessas mulheres. Estamos hoje começando um ciclo”, sintetizou a supervisora do Núcleo do Mucuripe, defensora Michele Alencar.
Em 2022, essas mulheres passarão por uma série de formações e imersões para desenvolverem aptidões e darem novos rumos às próprias vidas, na perspectiva do empreendedorismo e da independência e longe da rotina de medo e opressão a qual eram submetidas até romperem o ciclo de violência intrafamiliar.
Hoje, elas fizeram unha, cabelo, maquiagem, massagem e exames de glicemia, além de aferição de pressão arterial. Participaram também de sessão de auriculoterapia e receberam orientações nutricionais e kits de higiene pessoal com absorventes, escova de dentes e de cabelo, creme dental, shampoo, condicionador e desodorante. Tudo de graça.
“Procurei a Defensoria por causa de uns problemas que estava tendo em casa. Minha filha já estava adoecendo com tudo o que a gente estava vivendo, quando Deus me mandou abandonar tudo e cuidar dela. Eu já estava tão saturada daquela vida… Se eu não tivesse parado de trabalhar, eu já tinha chutado o balde. Fui muito bem atendida pela equipe da Defensoria e agora a gente tem a chance de seguir a vida”, sintetizou uma das assistidas do projeto.
Ela e a filha tentam se reconstruir, agora como empreendedoras. Vendem roupas e dindin gourmet. E sonham com dias melhores, como todas as assistidas pelo projeto da Defensoria. “Vivi uma relação que durou dez anos e, num dado momento, se tornou abusiva ao ponto de eu sofrer violência física. Começou com uma cuspida no rosto e um dia ele me deu um tapa no rosto, na frente do nosso filho. Foi quando eu pensei: “já chega”. Eu queria me livrar a todo custo daquele relacionamento”, testemunha outra assistida da Defensoria e contemplada pelo projeto.
Agora distante do ex-companheiro e se redescobrindo numa relação sadia com outro parceiro, ela recorda o dia de 2018 no qual saiu de casa com uma sacola de roupas numa mão e o filho na outra. Lembra para não mais ter de passar por aquilo tudo de novo. “Eu hoje me sinto mais fortalecida e entendo que sou fruto de um processo de autoconhecimento e fortalecimento que começou quando busquei a Defensoria. Mas era muito difícil me reconhecer dentro de uma relação abusiva. Eu pensava que era uma realidade distante de mim, até porque ele é educador. Saber lidar com isso era difícil e a violência só parou quando eu busquei a Delegacia da Mulher. Me dei conta de que antes de ser mãe eu sou uma pessoa”, acrescentou a assistida.
Foi essa consciência, ainda que tardia, o motivo da salvação da assistida. Pesquisas indicam que a mulher vítima de violência doméstica leva de cinco a dez anos para conseguir desvencilhar-se da rotina de violações de direitos. No Brasil, um caso de feminicídio é registrado a cada seis horas, com 66% das vítimas sendo negras. E, nos últimos 12 anos, segundo o Atlas da Violência 2021, os assassinatos de mulheres nas residências cresceram 10,6%, enquanto os casos fora desses espaços caíram 20,6% no período, indicando crescimento da violência doméstica.
SERVIÇO
NÚCLEO DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER – NUDEM
Celular: (85) 3108-2986 – 8h às 12h – 13h às 17h
Celular: (85) 98949-9090 – 8h às 12h – 13h às 17h
Celular: (85) 98650-4003 – 8h às 12h – 13h às 17h
Celular: (85) 99856-6820 – 8h às 12h – 13h às 17h
E-mail: nudem@defensoria.ce.def.br
ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL
E-mail: psicossocial@defensoria.ce.def.br
Celular: (85) 98560-2709 – 8h às 14h
Celular: (85) 98948.9876 – 11h às 17h
NÚCLEO DESCENTRALIZADO DO MUCURIPE
Telefone:(85) 3101.1079 – 8h às 12h e das 13h às 17h
Celular: (85) 98902-3847 – 8h às 12h
Celular: (85) 98982-6572 – 13h às 17h
E-mail: nucleomucuripe@defensoria.ce.def.br – enviar solicitação de atendimento em qualquer horário, embora a resposta seja dada no horário das 8h às 12h e das 13h às 17h
Atendimento Presencial: somente mediante marcação por um dos canais virtuais ou telefônicos e verificada a necessidade