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“A gente não mora na cidade ou em um determinado lugar, mas o lugar é que mora na gente”

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Nesta quarta-feira, 03, o projeto #NaPausa teve participação do defensor público Eliton Meneses e da jornalista cearense Izabel Gurgel. “Direito à cidade – memórias e afetos” foi o tema da conversa apresentada no perfil do instagram da Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Estado do Ceará (@adpec). A conversa terá momento de continuação em data a ser divulgada posteriormente nos perfis da Defensoria Pública do Estado do Ceará (@defensoriaceara) e da Adpec, por conta de problemas técnicos no som dos convidados.

O defensor público Eliton Menezes deu início à live apresentando a temática tratada. “Falar sobre o direito à cidade sem fazer lembrança, sem mencionar o poeta Mário Gomes, que soube utilizar a cidade como ninguém em seus versos, não seria ideal. Tive a experiência e oportunidade de conhecê-lo e posso lembrar e citar aqui o seguinte verso: ‘Ontem, ao meio-dia, comi um prato de lagartas. Passei a tarde defecando borboletas.’ É com este verso que podemos iniciar nossa conversa”, narrou. O poeta Mário Gomes foi um andarilho de Fortaleza, personagem conhecido e reconhecido, por trafegar entre o Centro, Praia de Iracema e bairros como Benfica. Ele faleceu em 2014.

Izabel, jornalista e curadora do projeto “Cidade Portátil: O lugar vive na gente”, iniciou sua fala explicando o projeto e reiterando a menção ao poeta Mário Gomes. “Acredito que essas borboletas sejam símbolos da transformação da cidade e isso as torna especiais. A cidade portátil é uma experiência que todos nós temos, que é aquela da cidade que carregamos com a gente”. A jornalista afirmou, de forma alegre que “a gente não mora na cidade ou em um determinado lugar, mas o lugar é que mora na gente”.

A curadora  de Cidade Portátil explicou que, para o projeto, ela anota suas experiências e impressões de suas idas e passeios às cidades e as mostras nos encontros presenciais desenvolvidos no projeto. “A partir disso, dessas mudanças, é que temos uma cidade portátil, que está sempre em transformação”.

Izabel citou a cidade de Icó, como exemplo de seus estudos e acompanhamento de cidade portátil. “Em Icó, na festa do Senhor Bonfim, festa da igreja, a festa transcende o marco de ser religiosa por ser uma celebração que movimenta a cidade toda, não apenas a comunidade católica”. A jornalista, que acompanha os festejos desde 2010, afirma que a festa pode ser considerada o cerne da cidade, uma vez que toda a comunidade da região se movimenta em torno do evento”.

Eliton Menezes, natural da cidade de Coreaú, relembrou o tempo em que, quando criança participava das festividades em sua cidade e afirmou que os festejos são formas de valorizar a cultura local, além de desenvolver as mais diversas atividades. “Lembro que a festa da padroeira, Nossa Senhora da Piedade, transcende o evento religioso, pois o uso do espaço urbano envolve todos ali, e tem potencial enorme de agregar as vidas dos moradores. Às vezes não nos damos um debate como esse, por exemplo, que é tão importante para trazer consciência da riqueza das cidades, de forma mais plena e que vai além da habitação”.

A dupla finalizou a transmissão citando aspectos vitais da cidade, tanto na esfera jurídica quanto na social. “No Direito lidamos com a moradia, lutamos pelo abrigo e nem sempre, na esfera jurídica, notamos tão fortemente isso, mas a casa envolve um todo, envolve a cidade, a cultura, o esporte… tudo que pode ser utilizado. E, muitas vezes, o espaço comum da cidade é subutilizado por não haver consciência de como utilizá-lo melhor”, destacou o defensor. “A vida na cidade é um bem público, é uma prática de cuidar, de decidir o que preservar, o que manter… A vida na cidade é a cidade em nós”, ressaltou Izabel.

A próxima edição do #NaPausa acontece nesta sexta-feira, 05, às 17h no perfil da Adpec (@adpec). O tema é “Descontrole urbano, meio ambiente e pandemia” e tem como participantes o defensor público Eduardo Almendra e José Borzacchiello da Silva, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC).