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Ainda há um impasse na vacinação de quilombolas em Aracati

Ainda há um impasse na vacinação de quilombolas em Aracati

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Expedido pela Defensoria Pública, o ofício N° 255/2021 recomenda a implementação da vacinação contra o novo coronavírus (Covid-19) nas comunidades quilombolas em três municípios cearenses. Iracema, a 284 km da Capital, cumpriu rapidamente o ofício e realizou a vacinação na mesma semana da notificação. Maranguape, também já informou que iniciou a vacinação na última segunda (10 de maio). Aracati, no entanto, segue no impasse e ainda não realizou a vacinação dos quilombolas. 

Esta condição descumpre o Plano Nacional de Imunização (PNI), editado pelo Governo Federal e que estabelece prioridades aos Estados e municípios reconhecendo as vulnerabilidades de determinados grupos sociais à Covid-19. 

O defensor público Diego Cardoso, atuante em Aracati, explica que a Prefeitura Municipal ainda não respondeu a notificação, mesmo com prazo já encerrado. “Expedimos a recomendação e fixamos um prazo de 72 horas para o município nos enviar o cronograma da vacinação dos quilombolas. O prazo se esgotou na sexta-feira da semana passada e o município de Aracati não forneceu qualquer resposta”. O defensor explica que a Defensoria Pública da União ajuizou uma Ação Civil Pública na última terça-feira, pois a omissão do município continua.

A defensora pública Sofia Frota informou que o município de Maranguape respondeu na última segunda (10), explicando que constava no cadastro da plataforma Saúde Digital 50 indivíduos cadastrados no grupo dos quilombolas e realizou no dia 28 de abril a vacinação do primeiro grupo. A Prefeitura afirmou que a imunização dos demais ocorrerá amanhã (13).

A Prefeitura de Iracema também confirmou que já ocorreu a vacinação e informou que foi realizada no dia 03 de maio a vacinação da comunidade quilombola do Distrito de Bastiões, no total de 176 pessoas, que receberam a vacina astrazenica.

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras e Rurais Quilombolas (Conaq) classifica o Plano Nacional de Operacionalização para vacinação das comunidades quilombolas como insuficiente. Na avaliação feita pela Conaq, o plano não contempla a totalidade da população quilombola e utiliza números subdimensionados. 

A supervisora do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas (NDHAC), a defensora Mariana Lobo pondera que o mapeamento, tanto da vulnerabilidade das famílias, quanto a classificação delas enquanto quilombolas foi feito pelo Governo do Ceará, por intermédio da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) e da Coordenação das Comunidades Quilombolas do Ceará (Cerquice). “Não há qualquer justificativa para não vacinar, pois existem dados que comprovam a existência das comunidades quilombolas no Ceará, seu reconhecimento e, portanto, o recebimento de vacinas conforme prescreve o PNI”, informa.