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CJR realiza oficina de grafitagem para adolescentes

CJR realiza oficina de grafitagem para adolescentes

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Aconteceu na última terça-feira (27/09), no auditório do bloco de atendimento do Centro de Justiça Restaurativa (CJR), no bairro Olavo Bilac, uma oficina de grafitagem com adolescentes e jovens que cumprem medidas socioeducativas. O momento foi uma iniciativa da Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE), por meio do CJR, em parceria com o Instituto Terre des Hommes (TDH) e o Novas Trilhas, da Superintendência Estadual do Sistema Socioeducativo do Ceará (SEAS). Além disso, estiveram presentes também famílias e comunidade.

A oficina teve como propósito fazer um resgate da autoestima do jovem, por meio da arte, utilizando o grafite, uma linguagem que aproxima as novas gerações. Naquela ocasião, a coordenadora de atendimento do projeto Novas Trilhas, Adriana Batista, o instrutor da oficina, Márcio Gabriel, e a facilitadora das práticas restaurativas do CJR, Jeanne Freitas, realizaram a interação e orientação aos jovens sobre questões relacionadas à vida deles, com o intuito de fortalecer os laços de coletividade, respeito ao próximo e aos acordos.   

A coordenadora do Centro de Justiça Restaurativa da Defensoria (CJR), Érica Albuquerque, explica que a ideia da oficina surgiu de uma demanda dos próprios jovens. “Essa oficina foi pensada a partir de necessidades trazidas pelos adolescentes em acompanhamentos numa prática restaurativa, que apresentaram o desejo de apoio profissional na aprendizagem de grafitagem  e que nos convida a olhar para um processo de responsabilização que busca a reparação dos danos causados,  por meio também do ressignificar, oportunizar e transformar”. 

Para a coordenadora Adriana Batista, a oficina é importante pois ela surge como uma oportunidade desse jovem propulsor de realizações importantes. “Ele chegou aqui de um jeito e hoje pode estar aqui fazendo uma atividade de arte e cultura, deixando aí um pouquinho da sua expressão, da sua arte. Uma palavra de motivação para os que vão passar por aqui e, de certa forma, motivação para cada jovem também, para reconstruir a história, redesenhar e conseguir ter novas trilhas pela frente”, explica.

“Assim, vamos fazendo os resgates com os jovens, explicando, inclusive, que o nosso trabalho vai culminar no muro: um muro pintado com os vulgos deles, onde eles vão ter que respeitar o espaço dos outros artistas, porque vai ter outro vulgo ali também, outro nome ali é escrito com letras em grafite. Construímos, muitas vezes, um nome com eles. Então, o que vai ficar na parede é o vulgo artístico dos jovens”, complementa Adriana. Por vulgo entende-se o nome que o artista deixa grafado na parede. Eles escrevem os nomes com a estética e as cores que desejam, como uma forma de registrar que estiveram ali e deixar sua marca. 

O instrutor Márcio Gabriel, de vulgo “Pig”, ressalta que esse é um espaço para que esses jovens possam se reconhecerem como artistas, além de terem a oportunidade de trabalhar em equipe, aprendendo a sempre respeitar o espaço e o tempo do outro. “Algumas pessoas são mais aceleradas, outras preferem fazer na calma, outras seguem o passo a passo. Há também a questão da diversidade, vão ter profissionais que são LGBTQIA +, vão ter profissionais conservadores. Então, o intuito é de reconhecer o espaço do outro”, declarou.

Para tornar o ambiente mais acolhedor para esses adolescentes e jovens, Márcio Gabriel, em conjunto com outro instrutor da oficina, Rerison Morais, de vulgo Black, decidiram escrever em um muro palavras motivacionais como: coragem, força e motivação. Mas além das palavras grafitadas por eles, os adolescentes também tiveram oportunidade de incorporar outras palavras escolhidas por eles, para expor um pouco das perspectivas de cada um.   

Jeane Freitas, facilitadora de práticas restaurativas do Centro de Justiça Restaurativa da Defensoria Pública, enfatiza que oficinas como essas são importantes para estimular a criatividade e mostrar alternativas de mudanças. “Eu vejo esse momento como uma oportunidade de olhar para a frente com um outro olhar, o olhar da arte. É um momento para canalizar a mente e também as energias dos adolescentes para outros mundos, outros mundos possíveis. Eu vejo a arte como uma expressão de como o adolescente vê o mundo e como se identifica com ele. Então, a oficina além de incentivar, também ajuda no processo de responsabilização dos adolescentes e mostra que outro caminho é possível. O caminho da Justiça Restaurativa tem sido essa oportunidade de mudança”, conclui.