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Defensoria aborda dúvida de pais e mães sobre a volta às aulas

Defensoria aborda dúvida de pais e mães sobre a volta às aulas

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O tempo de pandemia ocasionado pelo novo coronavírus (Covid-19) tem despertado um turbilhão de dúvidas e sentimento de insegurança nas pessoas. Para aqueles que são pais/mães, uma preocupação recorrente é entender como a doença se aplica no período da infância e como encarar o período de volta às aulas.

Nessa perspectiva, o #NaPausa desta quinta-feira (21) convidou o médico pediatra Ricardo Othon Sidou para tratar sobre os “Cuidados com a Covid-19 na infância e  volta às aulas”, contando ainda com a mediação da defensora pública Sâmia Costa Farias.

O médico afirma que é preciso que cada um tenha dentro de si o questionamento do que é necessário fazer, fortalecendo o senso de responsabilização a partir das atitudes individuais que deságuam no todo. “O ponto principal é compreender que temos que nos adaptar a esta realidade de um modo responsável e consciente, nos inteirando, buscando conhecimento e entendendo que é uma doença que chegou e que precisamos aprender a conviver com ela”, disse.

Durante o momento, os debatedores falaram sobre os prejuízos instrucionais e emocionais  que as crianças estão sofrendo por conta da privação da rotina de estudo presencial, da convivência com seus amigos, da ausência de novas amizades, de se relacionar com os espaços e com outras pessoas, já que somos sujeitos relacionais. Ponderações como: por que escola, quando escola e como escola? foram destacadas pelo pediatra como norteadoras para um posicionamento sobre mandar ou não a criança para escola.

“Pensamos na escola, prioritariamente, no sentido da instrução. Mas, a criança é alguém desde o momento em que ela nasce que tem o direito de se desenvolver. A escola representa para elas um mundo, pois possibilita relações interpessoais, jogos e diversão, desenvolve uma compreensão da ação humana, tanto coletiva quanto sinérgica. A escola possibilita uma rotina que demanda trabalho e também o reconhecimento, correção de rumo e interação humana”.

Considerar o estudo técnico, rompendo o conceito de opiniões próprias é indispensável, segundo o pediatra. “Temos que observar as opiniões dos técnicos e trabalhar com as tendências e sair do discurso da ‘minha opinião’. A régua temporal que é usada, em um quadro pandêmico, são semanas, temos que ter consciência que o que aconteceu ontem tem impacto para o amanhã e, a partir dessa análise, desse acompanhamento refletir sobre as decisões razoáveis”, destacou.

Se a criança apresentar algum sintoma, seja coriza, diarreia, dor abdominal, febre,  tosse: o lugar dela é em casa. “A escola precisa ser vista como uma parceira com quem a comunicação tem que ser mantida constantemente. Se o seu filho adoeceu é preciso avisar para que possam verificar os demais. Para ir à escola, a criança deve estar saudável, isso é uma demonstração de cuidado coletivo que, no momento em que vivemos, faz toda a diferença”.

Novos hábitos. As medidas preventivas despertaram o entendimento de que a higienização é uma atitude determinante para a contenção do vírus. A defensora pública Sâmia Costa Farias ressalta a importância de que essas medidas sejam incluídas na rotina das famílias. “Água e sabão ainda é o mais acessível e também seguro. Nossas crianças precisam ser trabalhadas para compreenderem, minimamente, o nosso cenário e o quanto as práticas responsáveis são necessárias para protegerem a si e aos colegas”, disse.

O pediatra reforça que o hábito de lavagem de mãos com água e sabão remove a chance de contaminação, no entanto, as escolas devem possuir “banheiros com dispenser adequado, não deixar faltar o sabão, além de intensificar junto aos alunos que o álcool em gel deve ser utilizado quando eu não posso lavar as mãos”.

O uso da máscara individual que antes era associado a uma pessoa doente, hoje é o contrário.  A defensora constatou que as crianças estão se surpreendendo quanto ao uso das medidas individuais. “Vejo que elas parecem se adaptar mais facilmente. O uso constante da máscara que, para grande parte dos adultos, ainda é difícil, para elas já está fazendo parte do dia a dia. Brincam, correm com a proteção, o que acaba sendo muito bom, pois nenhuma medida de proteção individual  pode ser desconsiderada”.

Outro alerta é acerca das atividades em grupo, “nem mesmo em ambiente aberto, o distanciamento social tem que ser rigoroso. Sabemos o quanto as crianças têm necessidade de aconchego, de estarem juntos, mas aglomeração e o contato direto não podem ser permitido.  Tudo é individual. Não podemos aceitar a quebra de protocolos”, acrescentou Ricardo.

“Quem determina o retorno à escola são as autoridades sanitárias, mas no final a autorização é dos pais. Se no íntimo a pessoa diz que não vai fazer isso, ela está em sua razão”, avalia o pediatra. A defensora argumenta sobre o autorrespeito. “É importante conhecer a individualidade de cada um até para as famílias também terem segurança. Se não se sentem à vontade é preciso respeitar isso”, pondera Sâmia.

Eles aproveitaram o encontro para realçar o trabalho e empenho de todos os profissionais que estão na linha de frente. A defensora pontua sobre o valioso suporte do Sistema Único de Saúde, que apesar de todas as dificuldades, restrições orçamentárias está na linha de frente. “Os profissionais de saúde como um todo, assim como as pessoas que integram os quadros dos hospitais, o zelador, a recepcionista de emergência, o segurança – todos merecem nossa gratidão e respeito”.

Por fim, o médico evidencia a atenção sobre o “legado” da pandemia, para transformar a saúde do povo brasileiro em um modelo de país mais justo. “A gente tem que conduzir isso, é o nosso papel. Não podemos mais fazer de conta que me preocupo só com o meu . Temos que pensar no coletivo e fazer tudo o que podemos, pois estamos ligados”.