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“É só o começo dos meus sonhos”

“É só o começo dos meus sonhos”

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Resistir para existir. A associação das palavras não é por acaso, mas por remeterem, em grande parte, à realidade de pessoas trans na sociedade e, em especial, dentro do mercado de trabalho formal. A falta de reconhecimento e visibilidade interferem significativamente no comportamento e nas oportunidades que aparecem. Ou melhor, que não aparecem.

No caso de Samara Ewellen, mulher trans, hoje com 20 anos, a chance surgiu e lhe possibilitou descobrir novos caminhos. À época com 18 anos, Samara chegou à Defensoria Pública do Estado do Ceará por meio do Programa Primeiro Passo, quando fez parte da equipe da Ouvidoria Geral Externa da instituição. Ao finalizar o tempo de contrato pelo projeto, foi contratada, dentro da proposta de ofertar oportunidades às pessoas trans. Soma hoje o time de atendimento dos Juizados Especiais.

Tímida e determinada, Samara diz que a oportunidade fez com que ampliasse o olhar para sua carreira. “Eu tinha medo de não ser capaz. Já tinha trabalhado como empregada doméstica, bico em salão de beleza, mas não tinha lidado com público, ainda mais dentro de um órgão público. Quando cheguei tive muito receio se conseguiria mesmo, se iria dar conta. Mas, aos poucos fui ouvindo, aprendendo, recebendo ajuda dos colegas e me sentindo mais segura para realizar minhas funções”, destaca.

Dentro do ambiente profissional, ela se sente respeitada e segue planejando sobre os desdobramentos de seu crescimento no mercado de trabalho. Segundo ela, uma das áreas que avalia se especializar é exatamente a que exerce diariamente. Samara enxerga no Direito a possibilidade de se transformar, mudando a vida de muitas pessoas ao seu redor. “Vivenciar o dia a dia que envolve o acesso ao direito me cativou. Vou amadurecer essa ideia para dar mais esse passo. A gente precisa buscar e acreditar no nosso potencial. Desde o começo tenho aprendido muito e quero seguir buscando mais conhecimento”, explica.

Hoje, ela é arrimo e fonte de renda dentro da família – composta por ela, o irmão e a mãe. O dinheiro chega para ajudar o sustento mas para projetar futuros. Samara se orgulha dos primeiros e longos passos dados em sua trajetória dentro e fora da Defensoria. “Só de pensar que hoje eu tenho meu dinheiro, meu plano de saúde e consigo ajudar minha mãe, uma mulher que sempre me aceitou, me incentivou, isso é muito gratificante. É só o começo dos meus sonhos.”