Experiência do mutirão virtual no Canindezinho é considerada inovadora pela população e por defensores
“Tudo foi muito cuidadoso: distanciamento social, organização, álcool em gel. E consegui dar encaminhamentos para resolver meu problema”. É assim que a costureira Maria Luiza José de Moraes, 47, resume o primeiro mutirão virtual de atendimentos da Defensoria Pública do Ceará, realizado em parceria com a Adpec. São tempos atípicos, de ajustes, dúvidas, incertezas, mas também de acolhimento e de novas formas de atendimento à população.
A data de 19 de maio, quando é comemorado o Dia da Defensoria, do Defensor e da Defensora Pública, trouxe um novo significado, nesta quarta-feira, quando a Defensoria atendeu cerca de 40 pessoas virtualmente.
Computadores, distanciamento social, população com hora marcada para atendimento, tudo isto foi pensado de forma cirúrgica para viabilizar a execução do mutirão, que ocorreu na sede do Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza, no bairro Canindezinho, dentro do Grande Bom Jardim, em Fortaleza.
A assistida Maria José mora no Parque Jerusalém e foi em busca do serviço do mutirão para resolver a transferência de um carro, que ainda está no nome de seu ex-marido “Eu já estou separada há cinco anos. Agora, quero tirar minha habilitação, mas o carro está cheio de multas e pendências. Procurei a Defensoria para resolver meu caso, porque não tenho mais contato com meu ex”, narra a costureira.
A diretora da Rede de Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável do Grande Bom Jardim (Dlis), Maria Zenilce de Freitas, 61 anos, agendou atendimento para pedir reintegração de posse de um prédio que deve ser utilizado para atividades de comunidade no Bom Jardim. “Em 1992, a gente construiu um prédio para a gente atender à educação infantil, porque não havia creche. Compramos o terreno e fizemos parceria com o Governo do Estado para que passassem o recurso. É o único espaço que temos para realizar as atividades do bairro. Agora, queremos fazer um restaurante popular, que venderá o alimento ao preço de R$ 1,00 para a comunidade mais vulnerável, devido à fome, o povo não ter o que comer. O prédio tá lá, quase abandonado e queremos a reintegração de posse. A defensora disse que eu devo ir ao cartório para conseguir a escritura pública, em nome da associação”, comenta a voluntária, que resume “Temos uma luta muito grande”.
A defensora pública Anna Kelly Nantua participou do mutirão de forma virtual e acredita que foi uma experiência revigorante. “O atendimento do mutirão, para mim, foi uma experiência inovadora, tendo em vista que já participei de vários atendimento em locais públicos, como praças e comunidades. Então, é uma forma de estar mais próximo ao assistido, indo até o local onde ele mora, mas, de uma certa forma, é um modo diferente, porque fizemos à distância”, conta. “Os meios de comunicação digitais estão tentando nos aproximar. É uma forma de estarmos olho no olho com o assistido. Foi uma experiência muito boa, adoro participar do projeto Defensoria em Movimento. Gosto muito dessa prática da educação em direitos”
Titular do Núcleo de Defesa da Saúde (Nudesa), a defensora Karinne Matos reforça que a Defensoria, mesmo na pandemia, desde o ano passado, adota vários mecanismos para atender bem aos cidadãos. “Durante o mutirão, foi delineado, bem registrado que a DPCE busca meios de estar próximo ao cidadão, sem esquecer todos os cuidados necessários para preservar a saúde dos assistidos, dos defensores públicos e colaboradores. Respeitando todas as orientações do decreto estadual. Foi uma experiência exitosa, a meu ver, espero que se repita”.
A coordenadora das Defensorias da Capital, Sulamita Alves Teixeira, adianta que o projeto foi um piloto para que possa ser ampliado o serviço de mutirão virtual e, assim, chegar a outros espaços e populações da Capital. “Estamos estudando as possibilidades de levar o mutirão para outros bairros. Estruturamos o Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza para que a gente pudesse viabilizar este primeiro momento e foi muito importante o resultado”.
