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Mãe busca a Defensoria para reaver filhos após pai recusar devolvê-los na pandemia

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A costureira se viu sem chão quando leu a mensagem do ex-marido, um militar, comunicando que os filhos, de oito e nove anos, não voltariam para casa. Eles haviam ido passar cinco dias com o pai, que se recusava a devolvê-los sob o argumento da pandemia do novo coronavírus. “Eu fiquei apavorada porque a gente sabe que isso não vai passar tão cedo e outras vezes ele já tinha ameaçado de não devolver as crianças.”

Diante da resistência do ex-companheiro e da impossibilidade de uma ação policial pela falta de um mandado, ela registrou Boletim de Ocorrência e buscou a assistência jurídica da Defensoria Pública do Ceará (DPCE). “A assistida relatou que só conseguiu localizar o endereço do pai após rastrear o celular do filho. Como ela tem a guarda judicial, ajuizamos um cumprimento de sentença para busca e apreensão dos meninos”, detalha a titular da 1ª Defensoria da Família de Fortaleza, Jacqueline Torres.

O pedido foi deferido pelo juízo da 1ª Vara da Comarca de Fortaleza e a costureira saiu novamente do Bom Sucesso, bairro onde mora, na capital, para Caucaia, na Região Metropolitana, em busca dos pequenos. “Não tinha oficial de justiça. Então, eu mesma imprimi o mandado, fui na delegacia e pedi ajuda aos policiais. Eles foram comigo e eu tive meus filhos de volta no mesmo dia que o mandado saiu. Uma mãe louca pelos filhos faz tudo”, desabafa.

Foram, ao todo, duas semanas sem poder abraçar os meninos. “Eu devia ter procurado a Defensoria era antes. Depois que procurei, tudo se resolveu num instante. Até estranhei, porque tem coisa na Justiça que demora, né? Se não fosse a Defensoria, era capaz de até hoje ele estar com os meus filhos”.

O pai tem direito a ver os garotos a cada 15 dias, além de poder ficar com os filhos durante 15 dias das férias escolares. “E ele está vendo. A minha responsabilidade eu mantenho. Se a Justiça diz que é assim, isso vai acontecer. Mas se ele ousar de não querer devolver meus filhos outra vez, eu já sei a quem procurar logo na primeira hora. Vou na Defensoria de novo”, afirma.

Ela mora sozinha com os filhos. Todo o sustento da casa tira das costuras. “Quando eu vi os meninos, fiquei muito feliz. E eles também ficaram. O pai diz que essa situação toda causou dano pra eles. Mas eu, como mãe, digo que não. Sinto que não. Porque a mesma vontade que eu tinha de ver eles, eles também tinham de me ver. Foi uma felicidade só.”