Movimentos sociais têm relevância enaltecida no lançamento do projeto “Todas Somos Uma”
A importância da diligência dos movimentos sociais para a atuação da Defensoria Pública do Ceará (DPCE) foi enaltecida nessa quarta-feira (1º/2) durante lançamento do projeto Todas Somos Uma, no qual a instituição homenageia 13 mulheres de diferentes tempos e localidades envolvidas em lutas sociais diversas.
Representando a defensora geral, que esteve ausente por motivo de viagem institucional, a subdefensora geral do Estado, Sâmia Farias frisou o quão referenciais são essas mulheres para os movimentos dos quais fazem parte e para a sociedade como um todo, já que as conquistas por elas alcançadas não se restringem à militância. “São protagonistas das próprias vidas, mulheres fortes e que representam o povo do Ceará. São exemplos de vida que todo mundo tem que conhecer. Sem os movimentos sociais, sem a população, a Defensoria perde a razão de existir. É importante que todo dia nós, defensores e defensoras, lembremos por que estamos aqui: para representar a sociedade mais vulnerável. A Defensoria é a sociedade.”
Ela ressaltou os motivos de somente mulheres comporem o projeto “Todas Somos Uma”: o fato de ser majoritariamente feminino o público atendido pela DPCE (66%), seja em busca de garantirem os próprios direitos ou de familiares; e de ter a Defensoria o maior percentual de mulheres do sistema de justiça cearense (47%). “Tudo isso é muito sintomático pra existência desse projeto. A gente quer que as histórias de vocês ganhem repercussão”, acrescentou a subdefensora geral.
Para a secretária estadual dos direitos humanos, Socorro França, o reconhecimento de militantes, ativistas e movimentos sociais femininos é fundamental para aprendermos a respeitar as diferenças e, assim, termos “uma sociedade decantada, livre e solidária. E a Defensoria tem partido na frente”. Na opinião dela, “a transformação aconteceu e vai acontecer porque mulheres como essas vieram lá atrás, deram exemplos e outras tantas virão para que a gente tenha uma sociedade justa.”
Já a secretária estadual da cidadania e diversidade, Mitchelle Meira, afirmou que as mulheres homenageadas protagonizaram “lutas que transformaram espaços” e que o projeto da Defensoria é um reconhecimento à trajetória delas e dos movimentos sociais dos quais elas se originam. “Nós não podemos deixar de prestigiar em vida essas mulheres tão importantes para o rompimento do machismo, do sexismo e do patriarcado, que estabelece essa violência contra nós, mulheres. Precisamos referenciar essas mulheres para que a luta delas seja orgulho para todas nós.”
Empossada horas antes na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), a deputada estadual Gabriella Aguiar cumpriu no lançamento do projeto “Todas Somos Uma” sua primeira atividade como parlamentar. Ela defendeu que a participação feminina em lutas sociais seja “trabalhada em conjunto com todos os órgãos”. E acrescentou: “a Defensoria é pioneira; é uma instituição ativa. Então, coloco meu mandato à disposição para todas as ideias que a gente consiga criar a partir dessa campanha. Que a gente possa levar para a Assembleia e isso nos ajude a criar projetos de lei, iniciativas e propostas que possam melhorar a qualidade de vida das mulheres cearenses.”
A titular do Juizado da Mulher de Fortaleza, juíza Rosa Mendonça, afirmou que “a história dessas mulheres têm um impacto no Brasil todo”. Para ela, a iniciativa da Defensoria de narrar a vida das homenageadas prova o quanto “o nosso caminho é árduo, mas a nossa luta não é em vão”. A magistrada diz: “é muito importante a gente se espelhar no exemplo de todas essas mulheres, que são referência não só pra nós, mas pra sociedade! Isso incentiva a gente. Quando a gente vê toda a história dessas mulheres, juntas, é um bálsamo.”
Foram homenageadas:
Luma Andrade
Primeira travesti doutora do Brasil;
Maria Luíza Fontenele
Primeira mulher eleita prefeita de uma capital no Brasil;
Nildes Alencar
Ex-presidenta do Movimento Feminino pela Anistia;
Damiana Bruno
Líder do acampamento Zé Maria do Tomé, em Limoeiro do Norte;
Matilde Ribeiro
Primeira ministra da Igualdade Racial do Brasil;
Gabriela Pinna
Integrante da Pastoral Carcerária que atua há 28 anos no Brasil;
Katiana Pena
Presidente de projeto que beneficia 840 crianças no Bom Jardim;
Raimunda Tapeba
Pajé dos povos indígenas cearenses;
Lucinaura Diógenes
Presidenta do Instituto Bia Dote, de prevenção ao suicídio;
Dina Maria
Primeira vaqueira do Ceará;
Antônia Araújo
Integrante do Movimento Negro;
Verônica e Valéria Carvalho
Fundadoras do Grupo de Valorização Negra do Cariri.