Rede Acolhe dá assistência às vítimas de violência. Em Fortaleza, 109 famílias foram cadastradas em 2020
Ao longo de todo o ano de 2020, o Estado do Ceará registrou 4.039 crimes violentos letais e intencionais (CVLI), de acordo com dados apresentados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). O número preocupa quem trabalha diretamente na garantia de direitos de familiares dessas vítimas, como defensores públicos e equipe multidisciplinar do projeto Rede Acolhe, da Defensoria Pública do Estado do Ceará.
Criada em julho de 2017, a Rede Acolhe da Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE) presta assistência às vítimas de violência no Ceará, amparando e oferecendo o acompanhamento a essas pessoas, que passam a ser assistidas por equipes intersetoriais. Os profissionais trabalham na prevenção e na efetivação dos direitos de familiares e das vítimas, visando diminuir a revitimização e os danos causados pela violência.
Ao longo de todo o ano de 2020, a Defensoria registrou a inclusão de 109 famílias na Rede Acolhe. As famílias cadastradas foram inseridas no projeto após a busca ativa feita pela equipe e de vítimas que procuraram o serviço após sofrerem algum tipo de violência institucional ou de expulsões forçadas de suas moradias.
“Quando a família perde um ente querido dentro desse contexto de violência, ela não busca inicialmente a assistência jurídica. E muitos não sabem nem que têm direitos. Então, resolvemos, com um olhar cuidadoso, multifatorial e multidisciplinar, analisar os processos que já existem e apresentar a Rede Acolhe. Consultamos mais de 400 processos e entramos em contato explicando o trabalho. Essa estratégia fez com que a gente conseguisse chegar em mais famílias”, detalhou a defensora pública Lara Teles, que coordena o programa.
“São pessoas que vivem com medo. Famílias que tiveram entes assassinados de maneira brutal e, em alguns casos, chegaram a romper laços não só dentro de si, com parentes, mas inclusive com a comunidade onde moravam. Além disso, muitos não acreditam que o poder público está tendo esse cuidado, esse novo olhar. Com a Rede Acolhe, a Defensoria vem abrir esse campo e chegar nessas famílias, com diversas vulnerabilidades que precisam ser consideradas”, acrescenta Lara.
A defensora destaca ainda a importância da divulgação do projeto. “Como muitas pessoas desconhecem o projeto, elas têm medo. Por isso é tão necessária a divulgação desse serviço. Quando recebemos um novo atendimento, voltamos toda a nossa atenção para aquela família. Não apenas jurídica, mas a equipe psicossocial realiza os encaminhamentos necessários. Hoje, temos a dificuldade do isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus, o desconhecimento do programa ou o medo de procurar por ajuda”, explica.
Atendimentos remotos – A Defensoria Pública do Estado encontra-se, preferencialmente, em regime de teletrabalho pela necessidade do cumprimento de medidas preventivas para o controle da disseminação do novo coronavírus (Covid-19). Para ter acesso a Rede Acolhe, foram disponibilizados os telefones: (85) 98895 – 5723, bem como o e-mail: redeacolhe@defensoria.ce.def.br. O atendimento é de segunda a sexta, das 8h às 17h.