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Sexismo, racismo e machismo: temas em debate na live no @defensoriaceara

Sexismo, racismo e machismo: temas em debate na live no @defensoriaceara

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Discutir os espaços de poder que a mulher ocupa é um cenário. Falar sobre os espaços de poder ocupados por mulheres negras é ampliar ainda o debate para questões de racismo e machismo. Esse foi centro de discussão da última edição do #NaPausa realizado nesta segunda-feira (22), no Instagram da Defensoria Pública do Estado do Ceará (@defensoriaceara). O momento contou com a participação da juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Ceará, Bruna Rodrigues, e da defensora pública do Estado, Eduarda Paz e Sousa.

“O Brasil é racista e machista, ponto. Precisamos colocar em debate fatores que fortalecem essas condições. Eu, particularmente, não conheço outras juízas negras no Ceará, gostaria muito de conhecer, inclusive, mas isso diz muito sobre como precisamos dialogar sobre isso”, destaca Bruna Rodrigues. A juíza foi a única mulher preta a tomar posse dentre um colegiado de 75 magistrados, no último concurso para a magistratura. “Me sinto orgulhosa, mas sei que foi necessário enfrentar várias dificuldades. Todo juiz precisa se esforçar muito para passar no concurso. Eu tive que viver duas vezes mais esse esforço”, relata.

Questões como falta de reconhecimento de autoridade, comentários desnecessários, permeiam a rotina da defensora e da juíza. “Já passei por situações em que comentam que irão aguardar o defensor chegar, enquanto que eu estava ali dentro da sala”, conta a defensora pública Eduarda Paz, que é titular na comarca de Canindé.

O sexismo também esteve presente na discussão, em diferenciação sobre o trabalho para homens e mulheres. A magistrada usou de exemplo o contexto do teletrabalho, onde tem de conciliar maternidade, magistratura e afazeres de casa. “Isso pode ser um empecilho na minha produtividade até. Talvez outras realidades não tenham a mesma dificuldade e consigam manter o nível de produtividade”, argumenta que são situações que podem vir a prejudicar uma mulher, por exemplo de ascender na carreira.

Na live que durou cerca de uma hora, a defensora e a juíza debateram a respeito do sistema de cotas, do ingresso nos concursos públicos, sobre o sistema de educação e acesso à todos. “O Brasil é um país que se importa com a cor e isso traz uma consequência até mesmo no ingresso da carreira”, ponderou Bruna.

Por fim, a defensora agradeceu a discussão rica com a juíza e destacou a troca entre mulheres. “Acredito fielmente que a possibilidade do debate com pessoas que têm um conhecimento prévio sobre o que estão falando traga mais do que opiniões rasteiras. São debates que têm algum fundamento ou experiência pessoal por trás e isso enriquece muito a possibilidade da intersecção de opiniões diferentes, para aprendermos mais e aumentar o conhecimento. Os debates são fundamentais para que possamos abrir os questionamentos e refletir”, destaca Eduarda Paz e Sousa.

A live está disponível no perfil da Defensoria Pública do Estado do Ceará no instagram, @defensoriaceara. Na próxima edição do #NaPausa, a ser realizada nesta quarta-feira, 24, receberemos o médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Roberto da Justa Pires Neto. A live será conduzida pela defensora pública do Estado, Karinne Matos.