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“Somos a última geração que sabe como era viver sem IA”, diz especialista em tecnologia no seminário de 27 anos da DPCE

“Somos a última geração que sabe como era viver sem IA”, diz especialista em tecnologia no seminário de 27 anos da DPCE

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Texto: Bruno de Castro
Fotos: Matheus Araújo, estagiário em Jornalismo sob supervisão

Palestrante de abertura do seminário “Tecnologia, inovação e linguagem simples: como conjugar com a justiça”, Marcelo Smarrito afirmou nesta sexta-feira (26/4), durante a programação alusiva aos 27 anos da Defensoria Pública do Ceará (DPCE), sermos “a última geração que sabe como era viver antes do impacto da inteligência artificial.”

Especialista no ramo, ele fez considerações sobre o tema “IA e seus desafios no acesso à justiça” para uma plateia de defensoras e defensores de todas as regiões do Ceará, além de colaboradores e estagiários da instituição. Para Smarrito, a inteligência artificial não deve ser demonizada e sim utilizada como ferramenta para facilitar a garantia de direitos.

“Está nas mãos da gente se ela vai ser vilã ou heroína. É a gente quem vai dar valores bons ou ruins pra ela. E o segredo não está na tecnologia. Está no uso que fazemos dela. E a IA existe desde 1950. Só está disponível hoje, mas existe há décadas. Ela chegou, vai ocupar o lugar dela e não vai nos abandonar tão cedo. Mas o caminho que nos trouxe até aqui não é o mesmo que vai nos levar adiante”, afirmou.

Ao ressaltar o Brasil como país com mais do que o dobro de celulares em relação ao total de habitantes, ele defendeu um uso ético da IA. Enalteceu ainda a importância da devida regulação dessa utilização, sob pena de perdermos a possibilidade de discutir os impactos da inteligência artificial, caso ela seja gerida de forma inapropriada.

 

 

“Nós somos hackeados todo dia. O algoritmo conhece a gente melhor do que a gente. Mas a gente sabe o que é certo e o que é errado, independente de qualquer crença. A gente sabe o que é humano. Até somos substituíveis, mas não podemos nos tornar descartáveis. E precisamos ter sempre em mente que o que nos diferencia da IA é que nós colocamos emoção no que fazemos. Ainda há coisas que nós fazemos e a IA não faz. Mas sim, pela primeira vez na história uma tecnologia pode tomar uma decisão por si mesma”, acrescentou Smarrito.

O especialista citou dez habilidades essenciais à sobrevivência humana em tempos de IA – todas aplicáveis às realidades da Defensoria. São elas: alfabetização digital, alfabetização de dados, pensamento crítico, inteligência emocional, criatividade, colaboração, flexibilidade, liderança, gestão de tempo e curiosidade e aprendizado contínuo.

No entanto, Smarrito alertou sobre a necessidade de permitir-se estar conscientemente desligado do mundo digital. “A gente não tem a menor ideia do que vai acontecer daqui pra frente. Mas eu acredito que a inteligência artificial é mais deus do que diabo. Pode vir mais pra ajudar do que para prejudicar. Basta decidirmos dar os valores bons a ela. Mas hoje, infelizmente, nós não temos consciência da nossa dependência da tecnologia”, pontuou.