Vamos falar sobre os cuidados para todos no retorno às atividades laborais
Como utilizar as máscaras? Qual o distanciamento razoável? Quais as orientações de higienização das mãos? Janelas abertas ou fechadas?
Essa série de dúvidas estão sendo bem comuns no período de retomada o qual a cidade de Fortaleza vem experimentado. Pensando nisso, o #NaPausa desta segunda-feira (20) contou com a presença do médico e vice-presidente da Associação Cearense de Medicina do Trabalho, Cláudio Patrício, e do subdefensor geral do Estado, Vicente Alfeu Teixeira Mendes, para um bate-papo a respeito do “Cuidado no retorno às atividades laborais”.
A redução dos indicadores do novo coronavírus (Covid-19) tem permitido a retomada gradual dos serviços em geral nas principais cidades do Ceará. Nessa perspectiva, a Defensoria Pública do Estado elaborou a Instrução Normativa nº 78/2020 que rege ordenamentos imprescindíveis para que o retorno das atividades presenciais da Defensoria sejam seguros.
O subdefensor Vicente Alfeu lembrou sobre a importância de reconhecer e agradecer o esforço e empenho dos profissionais de saúde e que o respeito a esse trabalho que assegura a saúde da população. “Apesar de todas as incertezas que esse vírus desperta, cremos que o momento mais complicado já passou. Agora cabe a nós permanecermos vigilantes e cuidadosos, atentos a todas as medidas preventivas, pois não deixaram de ser necessárias. Ao contrário. A Defensoria está se preparando para o retorno gradativo das atividades presenciais internas, elencando uma série de normas e orientações de condutas para que seja um processo seguro e sem nenhum atropelo, como vimos em outros estados, e assim termos que voltar atrás”.
O médico Cláudio Patrício destacou o quanto todo esse momento é diferente e difícil. “Experimentamos um momento de total falta de informação. Um vírus que levantou diversos debates, mas o fato é que ainda não se sabe tudo, principalmente sobre os grupos de risco. Vamos começar a entender melhor sobre essa doença nos próximos anos. Temos que seguir aprendendo a lidar de forma diferente com a situação. O Brasil deu sorte de não ter sido um dos primeiros países e ainda pode se basear nas experiências dos demais”, pontuou.
Os debatedores concordaram que o fato do Fortaleza ser um ponto turístico, parada constante de voos internacionais, colaborou para a disseminação do novo coronavírus. “No panorama atual acompanho poucos funcionários com casos da Covid-19 na capital, mas no interior ainda está tendo casos de gravidade. Fortaleza teve os primeiros casos e em contrapartida será uma das primeiras a sair”, explicou o médico sobre o momento atual da pandemia na cidade.
Vicente Alfeu explica que o plano de retomada da Defensoria Pública conta com quatro etapas, as quais terão acompanhamento por parte do Grupo de Trabalho, amparado em informações técnicas prestadas por órgãos públicos, em especial o Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Secretaria Estadual e Municipais de Saúde, acerca da efetividade das condições de segurança e prevenção de contaminação dentro da instituição. “Teremos o suporte das equipes de monitoramento para que, respeitando intervalos de 14 dias, seja acrescido 25% do número de pessoas de cada setor”.
Cláudio Patrício afirma que a Instrução Normativa da instituição está bastante atenta aos pontos necessários ao ambiente laboral. “São diversos fatores para uma retomada segura, mas o protocolo geral é o mais importante. Deve existir um direcionamento, fiscalização das normas, além de orientação e promoção de meios para prevenção”, disse.
O Protocolo Geral traça uma série de situações que devem ser cumpridas, no entanto, o médico reforça que somente o documento não garante a segurança, a fiscalização é essencial. “É preciso que o protocolo seja respeitado e para isso as ações internas precisam ser acompanhadas, sempre com o cuidado e responsabilidade de oferecer condições e as devidas orientações para realização das medidas de segurança tanto para o trabalhador quanto para assistido e consequentemente garantir o cumprimento das determinações que constam na instrução normativa”.
Iniciativas determinantes para a retomada é a educação em saúde e segurança de forma adequada (orientação sobre o uso e higienização das máscaras, higienização das mãos), garantir os insumos e acompanhar os casos de saúde (confirmados e suspeitos) não permitindo que o funcionário ou o assistido que estiver gripado compareça à instituição. Já dentro dos locais de trabalho o distanciamento social e utilização de equipamentos de segurança individual e coletiva são opções que reduzem o risco de contaminação. “Estamos adequando nossas salas, afastando as mesas e entregaremos para os membros e colaboradores um kit com máscaras e face shield. Sabemos que assegurar a saúde e segurança do trabalho é o mais importante. Vamos oferecer orientação e conscientização de todos sobre as medidas, normas e novos hábitos dentro do ambiente interno. Queremos retomar nossas atividades, mas de forma responsável e com o compromisso de zelar pela saúde de todos”, garante o subdefensor.
No entanto, Cláudio Patrício, também deixa o alerta sobre a necessidade de mudanças nos hábitos de vida dos cidadãos. “Para conseguirmos transformar os desfechos desfavoráveis da saúde pública é preciso antes de tudo conscientização; e isso só depende da gente. É possível enraizar um mecanismo de vida mais saudável – alimentação melhor, comer mais frutas e verduras, menos carne vermelha, mas para isso deve ser feita uma escolha por novos hábitos. O coronavírus vai passar, mas infelizmente a calamidade dentro dos hospitais continuará constante por conta dos fatores de riscos que não conseguimos fazer com que as pessoas eliminem. Daí vale perguntar: Que lições foram tiradas disso tudo?”, finaliza.