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Atendimento na Praça do Ferreira foi direcionado à população em situação de rua

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A Praça do Ferreira em Fortaleza foi palco para o encerramento da campanha “Onde existem pessoas, nós enxergamos cidadãos: Defensoras e Defensores Públicos pelo direito à documentação pessoal”, da Associação Nacional dos Defensores Públicos (Anadep), em celebração ao mês da Defensoria Pública. A programação montada na praça na noite desta segunda-feira (28) estava focada em atender a população em situação de rua, já que, de acordo com o Censo realizado pela Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), estima-se que 250 pessoas se encontram em condição de rua somente na Praça do Ferreira.

Além da assistência jurídica disponibilizada pelos defensores públicos, a população contou ainda com a prestação de serviços como corte de cabelo, em parceria com a Associação dos Cabeleireiros do Estado; agendamento de certidão de nascimento, pelo Cartório Jereissati; a verificação de pressão; orientação sobre DST’s; distribuição de preservativos e orientação sobre arboviroses, através da Secretaria de Saúde do Estado; cadastramento de medula óssea pelo Hemoce, e a presença do CRAS itinerante.

Durante o mês de maio, a campanha buscou dar luz aos casos de sub-registro no Brasil, viabilizando o encaminhamento para a realização da 1ª e 2ª via da documentação básica (certidões de nascimento e casamento, certidão de óbito de parentes, assim como carteira de identidade, CPF, título de eleitor, carteira de trabalho, entre outros) e retificação de documentos (nome social e/ou erro de informações).

IMG_8271Em Fortaleza, além dos atendimentos realizados na Praça do Ferreira, durante os dias 17, 18, 23 e 24, o projeto Defensoria em Movimento esteve no bairro Vila Velha, um dos três bairros de Fortaleza com maior índice de ausência de sub-registro na Capital. Os outros seriam o Grande Bom Jardim e o Vicente Pizzon. “Qualquer lugar que você vá, de um cadastro numa loja, até matrícula na faculdade, a primeira coisa que perguntam é qual seu nome completo, seu RG e CPF. Sem estes dados, você é um invisível civil. Atualmente, a maioria das crianças nascidas em hospitais públicos e particulares já saem com as certidões de nascimento. Depois de todos esses dias de atendimento, o que mais nos chama a atenção hoje são os problemas com pessoas sem a documentação na faixa etária entre 20 a 50 anos, além de casos de retificação do documento. Observamos muitas retificações de nascimentos, porque antigamente os registros nos livros eram manuscritos e isso gerava um problema quando as informações era repassadas aos usuários. Nosso objetivo aqui é localizar essas pessoas e dar os encaminhamentos”, destacou a assessora de relacionamento institucional da Defensoria Pública do Ceará, Amélia Rocha.

IMG_8294Cristiano Souza, 36, trabalha como borracheiro, mas há uma semana mora na Praça do Ferreira. Em situação de rua, ele diz estar recebendo a Defensoria em seu “quarto”. “Olha o tanto de gente que eu estou recebendo aqui hoje”, brinca. O rapaz foi atendido durante a ação e pode solicitar a emissão da segunda via da sua certidão de nascimento. “Eu fiquei preso por um tempo e, nesse período, acabei perdendo todas as minhas documentações e não posso ficar nessa condição. Aqui, consegui um ofício para levar ao cartório e conseguir a segunda via, e depois conseguir tirar todas os meus outros documentos. Eu agradeço muito a Defensoria por estar aqui hoje, por ter vindo à minha casa e facilitar a solução desse problema”, diz.

IMG_8156Leidiane Galdino foi outra pessoa atendida ontem durante o evento. Ela só foi registrada aos 28 anos de idade. A história se repete com sua filha, com 13 anos, a menina ainda não tem registro de nascimento. A mulher explica que só foi atrás porque está passando por uma dificuldade. “Esse semestre o colégio dela começou a exigir a documentação e eu tive que vir resolver isso. Vi a matéria na televisão e vim logo para cá para poder garantir a documentação da minha filha. Nunca priorizei isso porque não tinha tempo, tenho cinco filhos. Mas agora é mais do que necessário”, relatou Leidiane.

“Esse encerramento hoje é proforme, porque a campanha será destacada até o próximo ano e aqui nos reunimos para trocarmos experiências e fazer o levantamento do quanto foi importante a divulgação deste tema na sociedade brasileira. Aqui estão representantes de várias associações estaduais trazendo para este momento debates importantes e a necessidade de efetivamente continuarmos atuando em prol das pessoas mais carentes, levando os serviços essenciais que a Defensoria Pública presta ao cidadão”, destacou o presidente da ANADEP, Antônio Maffezoli.

Após o atendimento, houve a apresentação do cantor e repentista Tião Simpatia, que escreveu um cordel exclusivo com o tema da campanha. “Garantir o direito à documentação pessoal causa um impacto real na vida das pessoas, permite que possam acessar serviços, que possam exercitar sua cidadania. É uma questão de dignidade”, afirmou Ana Carolina Gondim, presidente da ADPEC.

Aproximadamente 60 pessoas, em sua maioria em situação de rua, foram orientadas pelos defensores e receberam atendimentos. Estavam presentes os defensores públicos atuantes no Ceará Raimundo Pinto, Samantha Pinheiro, Ana Paula Asfor, Amélia Rocha, Paloma Moreira e Sandra Sá, supervisora do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública. Além dos defensores cearenses, participaram também da ação presidentes e representantes das associações dos defensores públicos de vários estados: Mônica Belém, do Pará; Juliana Coelho de Lavigne, do Rio Grande do Sul; Rafael Brasil Vasconcelos, de Goias, além do presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP), Antônio Maffezoli