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Carta anônima ajuda a denunciar caso de violência doméstica

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Uma carta anônima, escrita por um vizinho, foi a saída encontrada para denunciar cenas de violência e abuso que já aconteciam há algum tempo em uma das casas do bairro Damas. A carta endereçada ao Núcleo de Violência Contra a Mulher (Nudem) da Defensoria Pública do Estado do Ceará, destinada à defensora pública Jeritza Braga, relatava no texto o dia a dia de Érica (nome fictício), registrado com muita dor, mas com a esperança de que aquelas palavras não voltariam vazias.

Assinado como remetente Maria da Penha, a carta denuncia situações de violência, que são ouvidas pelos moradores do entorno. “As agressões são regulares, sendo verbais e físicas. Situação angustiante. O ambiente da violência é o lar do casal”. Além disso, o escritor relata ainda, que os filhos menores ficam expostos às violências desferidas pelo pai contra a mãe.

Após o contato do vizinho, uma carta-convite foi enviada ao endereço da vítima. “O intuito era fazê-la ir ao Nudem, sem adiantar e identificar o motivo, justamente pela condição em que ela se encontrava. Fizemos questão de não deixar nada detalhado na carta para que, caso aquele documento chegasse em mãos erradas, Érica não fosse vitimizada novamente”, explica Jeritza Braga.

A ida de Érica ao Nudem aconteceu após alguns dias do envio da carta convite. A mulher, ainda muito receosa, compareceu ao núcleo sem saber ao certo do que se tratava o convite. “Fiquei surpresa e muito feliz quando soube que Érica estava aguardando atendimento. Fiz questão que ela fosse acompanhada inicialmente pela equipe multidisciplinar, justamente para ter esse cuidado mais acolhedor”, reforça Jeritza Braga.

Realizados os contatos iniciais, hora do atendimento. “Depois de contar como soubemos do caso dela, e de ter confirmação do que foi relatado na carta anônima, fizemos questão de dizer que estávamos ao dispôr dela, além de deixar claro os seus direitos e as atuações necessárias para reverter a situação em que ela se encontrava”, explica a defensora.

O amparo necessário e na hora certa. Muitas vezes, vizinhos não tem coragem de intervir porque existe a máxima do “marido e mulher não se mete a colher”. Este ditado, além de distorcido, não pode escamotear crimes e nem proteger agressores. A defensora explica que “muitas vezes aquela mulher sabe que  está em uma situação limite e precisa sair dela. Só não sabe como”. No dia do atendimento, a Defensoria ingressou com uma medida protetiva de urgência para afastar o agressor do ambiente familiar e já solicitou o pedido de pensão alimentícia e de guarda das crianças.

A supervisora do Nudem, Jeritza Braga, relata que foi a primeira vez que recebeu uma carta anônima e reforça as diversas possibilidades de denunciar condições de violência contra mulheres. “É importante perceber que existem diversas formas de denunciar uma situação de violência. O vizinho, a amiga, os familiares, podem e devem contatar os principais órgãos de combate à violência contra a mulher, seja de forma anônima ou não, pois, somente assim, iremos interromper esse alastramento da dor na vida de tantas mulheres e afastar daquele seio familiar as agressões”, pontua.

 

Núcleo de enfrentamento à Violência contra a Mulher (Nudem)
Rua Padre Francisco Pinto, 363, Benfica
Tel.: (85) 3101.2259 / 3278.7192