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Driblando dificuldades e preconceitos, mulheres buscam direitos na Defensoria em Movimento

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Marias, Franciscas, Joanas e Martas: nomes de algumas mulheres que procuraram a Defensoria em Movimento no segundo dia de atuações na Granja Portugal, nesta quinta-feira (28). No mês de março, o projeto dedica o atendimento à defesa dos direitos delas. Por isso, moradoras do bairro encontraram um tempo na rotina para buscar garantias básicas asseguradas pela justiça.

Logo cedo, moradores esperavam o atendimento com a senha nas mãos. Entre as mulheres, a maioria está acompanhada de filhos pequenos, seja no carrinho de bebê, seja nos braços. Aquelas que estão sozinhas demonstram pressa: precisam voltar logo ao trabalho, ou então para casa, onde deixaram os filhos sob os cuidados de vizinhos. Algumas aguardam o chamado do defensor público com mais tranquilidade, já que os filhos estão em horário de aula na escola.

IMG_3798Marta Ferreira da Silva é uma delas. A dona de casa é mãe de quatro filhos e faz “bicos como empregada doméstica”. A rotina é de tripla jornada, e mesmo com a chuva, arrumou um tempo para procurar informações sobre seus direitos. “Vim saber mais sobre como regularizar o imóvel do meu pai, que está internado no hospital. Minha vida é acordar às cinco da manhã, levantar meus filhos e encaminhá-los para a escola, trabalhar em casa de família, acompanhar meu pai internado e chegar em casa à noite para aprontar tudo pro dia seguinte”, diz. A infância difícil apontou para ela um caminho de dificuldades. “Sou mulher, nasci na periferia e não tive acesso a estudo. Nós sofremos discriminação na hora de procurar emprego, só conseguimos os que pagam menos. Ao mesmo tempo, também temos que cuidar da casa, da nossa família. É puxado! Tenho duas filhas, incentivo que elas estudem e tenham um futuro diferente”, afirma.

IMG_3785Quem também luta por uma vida mais digna para os filhos é Raquel Sousa, dona de casa e vendedora de produtos de porta em porta. Ela está sem receber a pensão dos filhos há meses, mesmo com ordem judicial determinando que o ex-marido honre a obrigação. “É algo comum aqui. Ouço falar de várias mulheres que, assim como eu, têm essa questão da pensão. Muitas desistem de resolver, porque têm muitas obrigações e falta tempo para procurar seus direitos. A sorte é que essa ação da Defensoria está perto de nós e, graças a isso, vou conseguir buscar esse direito pros meus filhos”. Raquel acrescenta ainda algo que considera ser apenas uma das dificuldades enfrentadas pelas mulheres do bairro. ”Também temos dificuldade de arrumar emprego, as pessoas têm preconceito, porque temos muitos filhos. Sem falar do salário, pagam menos para a gente”.

Para a líder comunitária Luana Mota, a luta por direitos das mulheres no bairro Granja Portugal passa diretamente na luta por políticas públicas. Segundo ela, existe dificuldade em saber onde cobrar por esses serviços, “mas não ser reclamado não significa que o serviço existe e está sendo bem prestado”, dispara. “Aqui as mães buscam suas oportunidades de trabalho, mas isso às vezes não é possível porque não há creches suficientes para os filhos. Também existe a questão da saúde, influenciada diretamente pela falta de saneamento básico do bairro. E se a mulher adoece, por ser chefe de muitas famílias, a casa sente essa baixa. Tem também a questão da violência, resultante da vulnerabilidade social. Está tudo interligado. A mulher sofre toda essa pressão”, explica Luana. “Por isso, é importante a mobilização e buscarmos nossos direitos”.

IMG_3773A Defensoria em Movimento virou o motivo de agradecimento por muitos assistidos e assistidas. Gente como a costureira Rosa Maria. Entre passos calmos e acompanhada da filha, buscava a regulamentação da casa onde mora há vinte anos. Faltava o papel oficial, e dona Rosa não sabia a quem recorrer para resolver a questão. Até que uma “corrente de mulheres” fez a informação do caminhão da Defensoria circular. “Uma vizinha ouviu o carro de som na rua anunciando esse projeto aqui no nosso bairro. Ela contou para outra e chegou até mim. Foi maravilhoso, principalmente, para nós mulheres que temos uma situação difícil. Moro com minha filha e meu companheiro. Assim como eu, várias outras moradoras aqui que não tem condições de ir atrás. Aliás, não sabíamos nem onde começar a procurar. Saio daqui aliviada e espero que mais pessoas consigam o mesmo”, disse.

Serviço

Defensoria em Movimento no bairro Granja Portugal – de 27 a 29 de março
Local: Avenida José Torres, próximo ao nº 1128 (esquina com Rua Humberto Lomeu – final da linha da Topic 54)
Horário: 8h às 12h

Rodas de Conversa
Dia 27/3
13h30 – Projeto Bom Jesus (Rua Coronel João Correio, 1913 – Bom Jardim)
15h30 – Escola Municipal Conceição Mourão (Rua Duas Nações, 550 – Granja Portugal)

Dia 28/3
13h30 – Escola Pequeno Aprendiz (Rua Londrina, 1972 – Granja Portugal)
15h30 – Roda de Conversa na Escola Creuza Carmo Rocha (Rua Duas Nações, 1055 – Granja Portugal)

Dia 29/3
9h – Roda de Conversa no CRAS Granja Portugal (Rua Humberto Lomeu, 1130 – Granja Portugal)
10h30 – CREAS Conjunto Ceará (Av. Alanis Maria Laurindo de Oliveira, s/n – Conj. Ceará I)