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No Orçamento Participativo, cantoria une população com defensores públicos em Tianguá

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“Companheira me ajude, que eu não quero andar só. Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor”. Setenta pessoas de mãos dadas cantam o hino do Movimento Feminista e dão início a quarta audiência pública do Orçamento Participativo (OP) da Defensoria Pública do Estado do Ceará, realizada em Tianguá, na manhã da sexta-feira, 08. O canto iniciado pela coordenadora do Movimento Ibiapabano de Mulheres, Liliane de Carvalho, foi entoado durante uma roda de dança conduzida por movimentos sociais de São Benedito, Sobral, Tianguá e Viçosa e pelos defensores públicos presentes no auditório do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Tianguá.

O momento inicial teve ainda a participação do colaborador da Defensoria Pública do Ceará, Wilson Alves, que dividiu com a população uma música que ele mesmo compôs sobre o Orçamento Participativo. “Bom dia, com alegria, saúdo a todos junto à Defensoria. É com amor e com prazer que todos juntos fazemos o OP”, entoa a música que foi pensada carinhosamente para o momento.

Durante a roda, a defensora pública de Camocim, Sofia Frota Albuquerque, foi empossada e abençoada pelas três mães de santo Marta Maria Barbosa Orlando, Ana Kécia Alves Gaspar e Rosa Maria Barbosa. “Aqui reforço um compromisso que eu já havia estabelecido no início da minha carreira. Estar com a população nesse momento é deixar público o real sentido da minha atuação. É fortalecedor e me incentiva cada vez mais”, declarou.

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A defensora pública e assessora de relacionamento institucional, Amélia Rocha, guiou a apresentação do momento. “É sempre muito prazeroso esse contato direto com a população, onde temos a oportunidade de ouvi-los e nos desafiarmos a cumprir cada vez mais o que tem sido demandado a nós, afinal, vem deles e é para eles que desempenhamos nosso trabalho”. As audiências do Orçamento Participativo têm o objetivo de viabilizar a oportunidade de fala da população e ouvir suas demandas quanto aos gastos da instituição. O defensor público e coordenador das Defensorias do Interior (CDI), Ricardo Batista, em sua fala, reforçou a importância das audiências como um espaço de aprendizado que irrompe as desigualdades e leva o acesso à justiça. Os defensores de Serra de Ibiapaba, Oderman Medeiros, Rafael Piaia e Samuel Filgueiras, reiteraram a importância do Orçamento Participativo na localidade da Serra da Ibiapaba e deram boas-vindas à população presente.

O defensor público Igor Barreto em sua fala trouxe um questionamento à população: “Se eu estou com fome, vou ao mercado. Se estou com sede, peço água. Se me falta direitos, a quem eu recorro?”. O defensor destacou a importância da aproximação com a população. “Vocês são o que cura a Defensoria Pública de um mal terrível, que é tornar a estrutura rígida, parada e sem ser conhecida. Dizem que um grande carvalho, ou uma grande árvore, quando dá um vento forte, cai. Mas o bambu, em uma situação assim, ele verga, mas não quebra. A Defensoria verga, mas não quebra. A luta faz a gente balançar, parece que vai quebrar, mas fica. É um defensor público para dar conta de quase 40 mil pessoas. Quem dá conta disso? A gente verga, mas não quebra”, disse.

Povo fala – Das demandas apresentadas pela população estão o aumento do número de defensores públicos no interior, a abrangência do programa Defensoria em Movimento em outras cidades do Estado e mais ações de educação em direitos. “É muito oportuno estar neste espaço de diálogo, sobretudo, para entender que não é só a realidade da minha cidade que passa pelo problema de não ter Defensoria ainda. Quero deixar registrado o quanto isso é prioridade para a população e que temos esperança de que as demandas apontadas aqui hoje sejam atendidas”, diz a moradora de São Benedito, Maria Lurdes.

A integrante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tianguá (STR), Francisca Sousa, ressaltou a felicidade em receber um evento e quanto é importante para a população a atuação da Defensoria Pública na garantia de direitos. “Que este espaço que a Defensoria cria seja também um espaço nosso. Um espaço de construção para trabalhadoras e trabalhadores”. Outra moradora Liliane de Carvalho propôs que o trabalho da Defensoria se expanda. “Vamos ver a possibilidade dos defensores públicos atuarem dentro das escolas públicas com, por exemplo, um curso de dois anos com os estudantes do Ensino Médio. Aquele aluno que aprende sobre seus direitos e também ensina sua mãe e seu pai”, pediu.

A ouvidora externa da Defensoria Pública do Ceará, Merilane Coelho, encerrou o momento de fala agradecendo a presença dos defensores públicos que estiveram presentes e propôs a realização de mais formação em Direitos Humanos para quem quer ser defensor. “Precisamos garantir que durante o concurso público para defensores públicos se consiga preparar melhor pra que os candidatos compreendam o papel da Defensoria Pública e as questões do povo. Raça, gênero, etnia, classe, criminologia feminista, compreender essas estruturas de desigualdade, justiça ambiental são, por exemplo, temas importantes para o direito de resistência e atuar em defesa do que estão passando nossas comunidades”, pondera.