Defensoria apoia exposição que mostra força de mulheres vítimas de violência. Mostra será lançada próximo sábado (13) no MIS
TEXTO: Amanda Sobreira
FOTO: Divulgação
O protagonismo que vem da força de 16 mulheres que romperam o ciclo de violência doméstica é tema da terceira edição da exposição fotográfica “O Que Não Nos Disseram”. O projeto, idealizado pela jornalista Andressa Meireles, tem o apoio da Defensoria Pública do Ceará e dá destaque a histórias de ressignificação e força.
Com estreia marcada para o próximo sábado, dia 13 de abril, às 18h, no Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS), a exposição, gratuita, traz retratos e registros audiovisuais de 15 fotógrafas cearenses. A exposição é uma experiência interativa e inclusiva.
“O Que Não Nos Disseram” vai além do registro fotográfico. É um projeto que lança luz sobre as diversas formas de violência contra a mulher, abordando não só a agressão física, mas também o abuso psicológico, moral, sexual e patrimonial, previstos na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340). A proposta é discutir o tema sob a perspectiva das protagonistas do projeto.
O Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem) da Defensoria Pública do Ceará (DPCE) é a principal porta de entrada da instituição para vítimas de violência doméstica que buscam assistência jurídica. Em Fortaleza, o perfil médio das vítimas aponta para um problema social que também envolve características raciais e de classe. Além de Fortaleza, existe o Nudem no Cariri e atuação no enfrentamento à violência dentro das Casas da Mulher em oito cidades.
Segundo o levantamento anual elaborado pela equipe psicossocial do Nudem da Capital ouvindo 561 vítimas atendidas em 2023: 86% das mulheres atendidas eram negras, 46,5% beneficiárias do Bolsa Família e 33% complementam a renda com trabalho informal. A pesquisa tem o objetivo de entender como a violência se manifesta, conhecer o perfil da assistida e pensar políticas públicas.
História de Kaianne Bezerra integra exposição
Luciana e Brenda protagonizam um dos retratos da edição do projeto deste ano trazendo a memória da contadora Kaianne Bezerra Lima Chaves, de 35 anos, assassinada em setembro do ano passado. Mãe e irmã da vítima relatam os impactos do feminicídio aos familiares.
Ainda em setembro do último ano, o então esposo de Kaianne, Leonardo Nascimento Chaves, foi preso por suspeita de participação no assassinato. A motivação do crime seria o desejo de obter um seguro de vida no nome da esposa, no valor de R$ 90 mil.
Sancionada em 2015, a Lei nº 13.104 torna o feminicídio um homicídio qualificado e o coloca na lista de crimes hediondos, com penas mais altas, de 12 a 30 anos. É considerado feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima.
Além de Luciana e Brenda, na edição deste ano, Markelly, Rosana, Darciane, Bárbara, Lis, Dayana, Luciana, Danielle, Cinthia, Denise, Maria, Ingrid, Pérola, Salete e Cristiane se encontram em rosto, voz e experiência ao público por meio dos registros audiovisuais.
São 16 retratos gigantes (2,00m x 1,30m) que incorporam obras táteis, audiodescrição, tradução em Libras e legendagem para surdos e ensurdecidos, fruto de uma parceria entre o projeto, a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Estadual do Ceará (UECE). Este ano, a exposição audiovisual também chegará à sala imersiva do MIS, a fim de ampliar a abrangência e o impacto do debate sobre violência doméstica.
SERVIÇO:
Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher – NUDEM
ENDEREÇO: Rua Tabuleiro do Norte, s/n, Couto Fernandes (Casa da Mulher Brasileira), em Fortaleza
TELEFONES: 129 ou (85) 3499.7986
—-
Lançamento da terceira edição da exposição “O Que Não Nos Disseram”
Onde: Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS CE) – Av. Barão de Studart, 410, Meireles
Quando: Sábado, 13 de abril, às 18h
Período: Em cartaz até 12 de maio de 2024
Funcionamento: Quarta e quinta-feira, de 10h às 18h; e de sexta a domingo, de 13h às 20h.
Acesso gratuito