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Escola Superior promove debate sobre saúde mental em webinário “Janeiro Branco: Desmistificar para compreender”

Escola Superior promove debate sobre saúde mental em webinário “Janeiro Branco: Desmistificar para compreender”

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Assim como os meses de setembro e de outubro, janeiro também tem a sua cor. O “Janeiro Branco” busca conscientizar a população a respeito de uma temática importante: a saúde mental. Pensando nisso, a Escola Superior da Defensoria Pública (ESDP) promoveu nesta quarta (24/1) o evento online “Webinário – Janeiro Branco: Desmistificar para compreender.

O webinário contou com a participação do psiquiatra Alexandre de Aquino e da psicóloga Andreya Arruda Amêndola, coordenadora do serviço Psicossocial da Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE). Iniciando às 17 horas, teve apresentação da defensora pública e diretora da escola da Defensoria Pública, Ana Mônica Amorim. 

Em sua fala, destacou a responsabilidade da instituição com a coletividade ao realizar ações como essa. “A Escola da Defensoria Pública tem por missão não só a formação e a instrução de defensores, mas de colaboradores, estagiários, estagiários de pós graduação, nossos servidores e principalmente, a educação das pessoas de um modo geral, para que elas realmente aprendam e entendam. E nada mais propício do que trazermos agora no mês de janeiro um debate muito atual, em alusão ao Janeiro Branco, que não deveria ser só janeiro, mas também todos os meses do ano. Que a gente possa entender, descomplicar e compreender a questão da doença mental.” 

Logo em seguida, o convidado do webinário e psiquiatra Alexandre de Aquino explicou a importância da dar foco ao debate e destacou algumas questões que pessoas portadoras de transtornos mentais vivenciam no dia a dia, como preconceitos advindos de familiares e amigos e também os estigmas existentes em torno desses transtornos. Por meio de dados, expôs a urgência de falar e pensar a respeito da temática. O convidado chama atenção pelo número de pessoas no mundo com algum tipo de distúrbio psicológico que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é de aproximadamente 450 milhões de pessoas.  

“A gente não tá falando de uma parcela pequena da população. Uma ampla parcela da população apresenta algum nível de adoecimento psíquico. Se formos levar em consideração, por exemplo, o desfecho mais grave dentro da minha especialidade, que é o suicidio, aproximadamente um milhão de pessoas no mundo morrem por suícidio todos os anos. São milhares de vidas ceifadas por uma condição que é completamente prevenível, se a gente souber abordar e tratar adequadamente. Eu acho que todos de alguma maneira têm contato com pessoas com transtornos mentais”, destaca o psiquiatra sobre a gravidade da problemática.

Outro ponto discutido no encontro foi sobre o estigma que o tema “saúde mental” carrega, uma vez que pessoas com doenças mentais são vistas de maneira extremamente deturpada e preconceituosa. O médico afirma que o indivíduo acaba por sofrer duplamente com os sintomas provenientes da patologia e com estigma que o atinge. “O estigma é um dos mais importantes e difíceis obstáculos da recuperação e reabilitação do ser. Ele afeta negativamente o tratamento. Então, muitas vezes, as pessoas deixam de buscar ajuda ou deixam de fazer o uso de algum tratamento por temerem ser estigmatizados pelos outros. Isso dificulta o acesso aos procedimentos, nega oportunidades de trabalho e impede a autonomia e realização de objetivos de vida da pessoa”, Aquino explica.

Além dos pontos destacados, também debateu-se acerca das mudanças que foram possíveis perceber nos últimos anos na área da saúde mental. 

A psicóloga Andreya Amendola ressalta a relevância da temática dentro da própria Defensoria Pública, já que há uma grande procura do setor pelos acolhidos da instituição. “A gente tem uma realidade de atendimento onde os principais encaminhamentos que temos é pra rede de saúde mental. Sabemos de toda dificuldade de acesso, por isso que a gente, enquanto Defensoria, faz uma pactuação com as clínicas-escola para encaminhamentos dos assistidos. O fato é que temos assistidos que têm sofrimento psíquico, porque sabemos que tudo que chega à DPCE é um desgaste que vem de anos de privações, de violações de direitos… A pessoa vem sustentando aquilo até que deságua na nossa porta”. 

“Como ter saúde mental na realidade dos nossos assistidos? Eles não têm segurança alimentar, eles não têm segurança social, eles não têm emprego, eles não têm renda. Então, realmente eu tô falando de pessoas que chegam com um sofrimento muito intenso”, complementa Andreya. 

Os convidados destacaram, por fim, que é preciso refletir não somente sobre o processo de cura, mas também de prevenção. O encontro reuniu cerca de 25 pessoas e foi todo em formato remoto, respeitando as imposições sanitárias da nova fase da pandemia do coronavírus.