
Bullying é a temática mais abordada nos projetos vencedores do concurso “Minha Escola Ensina Direitos”
Texto: Bruno de Castro
Fotos: ZeRosa Filho
Alertas sobre os perigos do bullying e do cyberbullying dominaram as temáticas abordadas pelos projetos vencedores do I Concurso Minha Escola Ensina Direitos, promovido pela Defensoria Pública do Ceará. A divulgação dos melhores colocados aconteceu nesta quarta-feira (18/12), em solenidade que reuniu 150 estudantes na sede da DPCE em Fortaleza.
Ao todo, 23 alunas e alunos das redes municipais de ensino da capital cearense, de Maranguape e de Itapipoca foram premiados por 15 trabalhos. Cento e dez projetos concorreram em cinco categorias. Dos campeões, seis tratavam de bullying e cyberbullying. Ou seja: 40% do total. Os demais abordaram: atuação da Defensoria (3), violência contra a mulher (2), direitos e deveres dos cidadãos (2), direitos da criança (1) e diversidade (1).
“Esse é um projeto que muito nos orgulha e engrandece a nossa instituição, porque leva cidadania às escolas, para um público estratégico. Leva uma mensagem de esperança, porque sem ela nada é possível. O que fizemos foi buscar um futuro de mais esperança para transformação da sociedade. Porque trabalhar a prevenção é mais eficaz do que investir na repressão”, avaliou o subdefensor geral Leandro Bessa.
Nas categorias coletivas (vídeo, campanha e podcast), os prêmios foram: celular (1º lugar), fone de ouvido sem fio (2º lugar) e caixa de som (3º lugar), sendo um para cada membro da equipe. Já nas categorias individuais (desenho e texto), os escolhidos receberam tablet (1º lugar), fone de ouvido sem fio (2º lugar) e caixa de som (3º lugar).
“Cidadania é algo que tem que estar no berço de todos nós. Ela é hoje e não só no futuro. É pensar no próximo. É fazer acontecer também o direito do outro, porque há responsabilidades que vêm junto com os direitos. É por isso que esse projeto é tão importante”, afirmou o patrocinador do concurso e presidente do Sindicato das Empresas de Transportes Coletivos Intermunicipal e Interestadual do Ceará (Sinterônibus), Mário Albuquerque.
O concurso marca o fim do primeiro ciclo de atividades do programa Minha Escola Ensina Direitos, que entre abril e novembro levou defensoras, defensores, assistentes sociais e psicólogas a 14 escolas públicas municipais para debater com estudantes as seguintes questões: gratuidade do serviço da DPCE, violência de gênero, assédio sexual, saúde mental, prevenção ao suicídio, direitos humanos, direito do consumidor, segurança pública, cidadania, racismo, LGBTfobia, intolerância religiosa e bullying e cyberbullying.
Assessora de projetos da DPCE, a defensora Camila Vieira coordenou o programa. “O concurso foi pensado para amplificar o que foi aprendido nos encontros e estimular o compartilhamento de informações sobre direitos. Nós jogamos as sementes e já estamos vendo elas florescerem. Porque não foram só os alunos inscritos no concurso que se envolveram. Foi a escola inteira. Então, hoje nós estamos vivendo uma festa da cidadania”, avaliou.
ALUNOS, PROFESSOR E DEFENSORES
Primeiro lugar na categoria “Desenho”, Maria Gisely de Souza Silva é aluna da Escola José Lins de Albuquerque, em Itapipoca, e se inspirou em um conto de fadas clássico para transmitir a mensagem de que o ambiente escolar não deve ser local de prática de violência. “A Chapeuzinho Vermelho pode ter muitas ramificações. E eu queria apresentar tudo de uma forma fácil de entender. Então, usei uma história de fantasia pra misturar com um elemento de realidade que, infelizmente, é o bullying e ainda é muito presente nas escolas”, afirma a adolescente.
Já Wilkson Nascimento Costa, da Escola José Carvalho, em Fortaleza, ficou em primeiro lugar na categoria “Texto”. “Escrevi sobre a Defensoria. Criei uma história que falasse sobre os direitos das pessoas a partir de um personagem, o Matheus, que eu também inventei e luta pelos próprios direitos. Escrevi em casa e reescrevi várias vezes, pra melhorar cada vez mais o texto e deixar a história acessível”, detalha o adolescente.
Como quem acompanhou as atividades do programa Minha Escola Ensina Direitos, o professor Antônio Freitas Araújo, da rede municipal de Maranguape, assegura que “o projeto foi de grande valia para a formação dos nossos alunos”. Segundo ele, “os estudantes despertaram para a vontade de se comunicar mais e lutar mais pelos próprios direitos, levando informações pros colegas, pra casa e pra comunidade onde vivem.”
Para a supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Nudem) da DPCE, defensora Jeritza Braga, falar sobre essa temática com crianças e adolescentes foi, ao mesmo tempo, uma experiência desafiadora e engrandecedora. “A gente percebeu o quanto eles sabem sobre o assunto. A gente achou que iria oferecer informações e acabou recebendo muito mais. Foi uma troca fantástica. Eles nos ensinaram em cada relato. Contaram que viviam essas situações em casa e foi algo que nos emocionou bastante. Eles são tão novos e já sabem o que é violência psicológica e violência moral. Conhecem a Lei Maria da Penha. O acesso à informação acontece cada vez mais cedo”, analisa.
Integrante da mais recente turma de defensores públicos empossados, Raul Sousa foi um dos que mais participou da agenda de encontros do Minha Escola Ensina Direitos. Ele ressalta a educação em direitos humanos como um dos pilares da DPCE. “O projeto aguça a curiosidade dos alunos e eles saem dos encontros compreendendo mais sobre direitos. Eles interagiam, questionavam. Não era nada distante e frio. Pelo contrário. Eles percebiam a importância dos debates e se preocupavam em propagar as informações”, pontua.
O I Concurso Minha Escola Ensina Direitos é fruto de parceria entre a Defensoria Pública do Ceará e o Programa Integrado de Prevenção e Redução da Violência do Governo do Ceará (PreVio), com patrocínio do Sinterônibus. Como parte das celebrações de hoje, todos os defensores, defensoras, assistentes sociais e psicólogas envolvidos(as) na realização do programa foram homenageados com certificados.
Conheça os projetos vencedores